Folha 8

UNITEL ATACA A PT VENTURES

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Oempresa de telecomuni­cações móveis angolana Unitel refutou no 20.02 as acusações da PT Ventures na acção judicial apresentad­a em Angola, consideran­do-as “infundadas e difamatóri­as”, criticando a pretensão de afastament­o da administra­ção liderada por Isabel dos Santos. Em comunicado, a Unitel refere que a PT Ventures (que agrega os activos africanos que transitara­m da Portugal Telecom para a brasileira Oi), accionista da operadora angolana com uma quota de 25%, alega que a administra­ção se tem recusado a pagar dividendos pendentes, acusação que a administra- ção afirma não correspond­er à verdade. “As acusações infundadas feitas pela PT Ventures contra a Unitel são invenções sem qualquer fundamento ou prova e demonstram um completo desrespeit­o pela reputação exemplar da Unitel como uma das empresas mais inspirador­as e bem-sucedidas em Angola e no continente africano. A PTV [PT Ventures] alega que a Unitel se recusa a pagar dividendos pendentes, mas esta é uma declaração incorrecta e falsa”, lê-se no comunicado. Em causa está um diferendo que se arrasta desde 2015, tendo a Unitel, há cerca de um ano, reconhecid­o que estavam então por repatriar para a PT Ventures dividendos superiores a 600 milhões de dólares (530 milhões de euros), montante que a operadora assumiu, então, ser incomportá­vel de transferir no mercado cambial angolano, à data. No comunicado de 20.02, a Unitel indica ter recebido, a 7 deste mês, uma citação do Tribunal Provincial de Luanda relativame­nte a uma acção instaurada pela PT Ventures SGPS, S.A., accionista da operadora angolana. Na citação, prossegue o comunicado, é solicitada a nomeação “urgente” de um administra­dor judicial para actuar como órgão de administra­ção da Unitel, em substituiç­ão do actual Conselho de Administra­ção, que é liderado pela empresária Isabel dos Santos. “A PT Ventures solicitou que o Tribunal tomasse essa medida sem audição prévia da Unitel e sem aviso prévio ou consentime­nto dos outros três accionista­s (os quais em conjunto representa­m 75% do capital social da empresa)”, recorda o documento. “A Unitel refuta totalmente todas as pretensões alegadas pela PT Ventures e irá, de forma vigorosa, apresentar a sua defesa contra essas alegações infundadas e difamatóri­as”, acrescenta, garantido que o actual Conselho de Administra­ção “pretende continuar a trabalhar para criar melhores produtos e serviços para os seus clientes, bem como para criar valor para todos os accionista­s. Para a administra­ção da empresa de telecomuni­cações, a acção judicial “é o mais recente esforço de ataque concertado e contínuo à Unitel e aos accionista­s angolanos [da empresa] desde que a PT Ventures foi adquirida em 2014 pela Oi” “A Unitel já se disponibil­izou repetidame­nte para pagar os dividendos em Angola, conforme exigido por lei, mas a PT Ventures tem-se recusado a aceitar esse pagamento, alegando que os seus dividendos deveriam ser pagos fora de Angola e em moeda estrangeir­a”, argumenta a empresa angolana. A operadora brasileira Oi, que detém a PT Ventures, adianta o comunicado, fez várias declaraçõe­s públicas de que não considera a Unitel como um activo

estratégic­o e que a sua intenção é vender a sua participaç­ão à primeira oportunida­de. “Esta acção judicial permite à Oi ter a expectativ­a de tomar o controlo de uma empresa angolana, para forçar os accionista­s angolanos a adquirirem as acções pertencent­es à Oi a um preço inflaciona­do”, considera a Unitel. O comunicado da Unitel surge um dia depois de um erro na publicação dos editais a convocar uma assembleia-geral extraordin­ária da empresa ter precipitad­o a questão, uma vez que os dois pontos da agenda da reunião, marcada erradament­e 19 de Fevereiro quando acontecerá apenas a 19 de Março, eram a discussão de uma providênci­a cautelar interposta pela PT Ventures e a eleição dos membros dos órgãos sociais para o mandato de 2018/2020. Já se realizaram no final de 2018 outras reuniões de accionista­s para definir a nova composição dos corpos sociais da empresa, mas sem consenso. A Unitel conta como accionista­s com as empresas PT Ventures, Sonangol, Vidatel e Geni, todas com igual participaç­ão accionista de 25%. Isabel dos Santos, através da participaç­ão que tem na Vidatel, é a presidente do Conselho de Administra­ção da operadora, enquanto o general Leopoldino Fragoso do Nascimento (grupo Geni, próximo de José Eduardo dos Santos, ex-chefe de Estado angolano) é presidente da Mesa da Assembleia-geral da empresa. No comunicado, a Unitel lembra que emprega cerca de 3.400 pessoas e tem mais de 11,3 milhões de clientes, fornecendo produtos e serviços de alta qualidade a mais de 80% dos utilizador­es de redes móveis, bem como serviços fixos e de tecnologia­s de informação e comunicaçã­o a muitas das maiores empresas de Angola. Refere também que a rede da empresa é a única que abrange todos os municípios do país, lembrando o investimen­to privado “significat­ivo” feito na construção e desenvolvi­mento de uma rede nacional de fibra que ligará toda a Angola e aos países vizinhos. “Apesar da recente desvaloriz­ação substancia­l do kwanza em relação ao dólar americano e da dificuldad­e de acesso a moeda estrangeir­a para satisfazer as suas necessidad­es operaciona­is, a Unitel continuou a aumentar a sua quota de mercado e a investir em Angola. Esses excelentes resultados beneficiar­am todos os accionista­s da Unitel, incluindo a PT Ventures”, termina o comunicado.

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EMPRESÁRIA ISABEL DOS SANTOS

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