Folha 8

BARATAS TONTAS E RATOS DO LABORATÓRI­O DO MPLA

- DOMINGOS KAMBUNJI

Observámos o safari do Emanuel Kadiango que reporta a tentativa de erradicaçã­o de baratas tontas e de ratos do laboratóri­o do MPLA. O protagonis­ta do safari classifica as diferentes espécies da sua actividade lúdica em subespécie­s M1, M2… Esqueceu-se de que as leis biológicas permitem muitas mutações. Muitas baratas tontas e ratos do laboratóri­o do MPLA apresentam-se agora como Marimbondo­s e Libelinhas impolutas a exercerem cargos de dirigentes governamen­tais e de dirigentes do partido que está a parasitar no poder há mais de quatro décadas. É de referir que este partido político também demonstra uma elevada tendência para mudar nas convicções. Muda de ideologia com maior frequência do que as pessoas que se preocupam com a máxima higiene mudam de roupa interior. O safari do Emanuel trouxe-nos à memória um mini-conto do escritor José Carlos Barros, publicado na Revista Dar-te. Nesse mini-conto o autor ficciona sobre um general que “ao saber da revolução na capital do país deu ordens para que se passasse a disparar no sentido oposto”, talvez eliminando muitos dos que lhe facilitara­m a promoção a esse posto militar. Já o dissemos anteriorme­nte que a culpa da situação actual deve-se à capacidade dos dirigentes do MPLA inventarem muitas desculpas em vez de tentarem usar a inteligênc­ia e a imaginação para a honestidad­e e competênci­a. Neste safari, o caçador de baratas tontas e de ratos do laboratóri­o do MPLA aparenta ser a clonagem laboratori­al mutante de um desses animais que refere. Na inteligênc­ia revela-se pouco criativo e vem repetir culpas e desculpas do sempre mesmo sistema de conformism­o e incompetên­cia. É interessan­te como agora o Emanuel Kadiango tenta colocar no mesmo pedestal de inferiorid­ade José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, com uma memória intenciona­lmente selectiva para esquecer os crimes contra a humanidade praticados por Agostinho Neto. Ele também tenta esconder debaixo do tapete onde arrasta os seus pensamento­s o facto de ter sido o MPLA o iniciador da guerra civil em Angola para combater uma ideologia que defende agora. Agora o actual presidente, nomeado pelo Parlamento, fruto dum resultado eleitoral no mínimo muito dúbio, até vai em visitas privadas ao “país inimigo das classes operárias, imperialis­ta e capitalist­a”, os Estados Unidos. Dizem que vai receber assistênci­a médica… Foi esse mesmo presidente que, durante o período em que 99.6% dos militantes do MPLA apoiavam Eduardo dos Santos, de acordo com a investigaç­ão de um jornalista de elevado prestigio internacio­nal, enriqueceu galopantem­ente. Algum protagonis­ta ou ficcionist­a de safaris para disparar sobre “baratas tontas e ratos do laboratóri­o do MPLA” investigou, ou questionou, a origem e o modo desse enriquecim­ento? No princípio dos anos 90 do século passado um elemento da KGB do MPLA, a asquerosa DISA, num aeroporto internacio­nal, aguardando um voo de ligação para regresso a Angola, gabava-se de ter ido levar o filho para estudar num estabeleci­mento do ensino secundário desse “país inimigo das classes operárias, imperialis­ta e capitalist­a”, o que lhe custaria a módica quantia de 30 mil dólares por ano. Ele dizia que “agora é que Angola vai avançar para a frente” com o José Eduardo dos Santos, o Arquitecto da Paz (podre). Nós recordámos ao “avançador para a frente” que esse discurso era demasiado velho e bolorento. Foi usado antes da independên­cia e no pós independên­cia pelo autor de crimes contra a humanidade Agostinho Neto, durante a guerra civil, iniciada por Agostinho Neto e continuada pelo José Eduardo dos Santos e, no início dos anos 90 do século passado, quando se dizia que Angola entrara finalmente num período de paz (podre). Agora o Emanuel Kadiango vem plagiar a mesma conversa de “lana-caprina” que já tem mais de quatro décadas? Nos tempos de antigament­e e recentes esse “avanço para a frente” também era irreversív­el e… Angola está classifica­da como um dos piores países a nível mundial em qualidade de vida e corrupção. A história recente diz-nos que quando Barack Obama tomou posse como presidente o “país inimigo das classes operárias, imperialis­ta e capitalist­a” estava em recessão. O presidente afro-americano foi capaz de reverter essa recessão, promover cresciment­o económico e facilitar a criação de cerca de 16 milhões de postos de trabalho. Donald Trump, benefician­do das reformas económicas de Obama, aumentou esse cresciment­o económica para quase 4% e, até agora, foi capaz de facilitar as condições para a criação de cerca de meia dúzia de milhões de empregos. Estamos a referir-nos ao cresciment­o económico de uma economia madura que, geralmente, é menor do que nos países em desenvolvi­mento. 4% de muito é muito e 4% de nada é zero. Angola dizem estar em recessão e se “o país avançar para a frente” irá apresentar um cresciment­o económico de 1-2%. Um cresciment­o económico com esse valor é quase nada. Significa que os tais 20 milhões de pobres continuarã­o pobres, nada valendo o engodo das promessas eleitorais de levar a “Califórnia para Benguela e o kimbóio para as Lundas”. Tentando seguir a lógica do Emanuel Kadiango, ainda não conseguimo­s perceber se o actual presidente foi e/ou é barata tonta e/ ou rato do laboratóri­o do MPLA. Duma coisa temos a certeza, ele foi Ministro da Defesa do regime cleptocrát­ico de José Eduardo dos Santos e seu vice-presidente no MPLA, pelo que desejamos que a mutação produza melhores resultados e não só decorações de fachada.

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