SOBRE AS LÍNGUAS ANGOLANAS
A única língua nacional que existe em Angola é o português. Dito de outra maneira, a única língua merecedora da atribuição «nacional» é a língua portuguesa. As demais línguas faladas em Angola são «línguas regionais angolanas», ou seja, são línguas das di
Não aceito a ideia de se atribuir a qualidade «nacional» a uma língua falada apenas numa ou em duas províncias. Na verdade, essas línguas são regionais. Geralmente, elas são usadas por agregados populacionais de duas ou três províncias contíguas. Todas as línguas têm a sua origem. A língua portuguesa, em Angola, tem como base a colonização portuguesa, que muitos ainda têm dificuldade de aceitar. Infelizmente, a História de Angola é marcada pela colonização portuguesa (e pela tentativa de ocupação holandesa). Temos de nos conformar com a nossa História e continuar a assinar, com verdade, os factos, passados e actuais, que fazem parte da nossa História. A língua portuguesa imposta pelos então colonialistas portugueses foi adoptada pelo primeiro presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto, como a língua oficial deste País (escrevo a partir de Angola). Portanto, devemos aceitar o português com nossa língua. Se nós não o fizermos, correremos o risco de, pertencendo a determinada região, não aceitar que uma língua de outra região angolana lhe pertença. Quando isso ocorrer estaremos a construir uma auto-estrada para o tribalismo, que trará consequências negativas para o nosso País. Lamentavelmente, há muitos angolanos que não falam bem, nem se interessam em falar bem o português, alegando ser uma língua imposta pelo colonialismo português. Contudo, esses compatriotas têm um modo de vida igual ou semelhante a dos portugueses – descendestes dos então colonizadores. Esse modo de vida tem a ver com vários aspectos culturais. Que incoerência! Por outro lado, muitas desses meus concidadãos também não falam bem as línguas das regiões de que são originários. Assim, os mesmos acabam por ser nem «ser peixe, nem carne», ou seja, revelam grandes problemas de identidade linguística. A Língua portuguesa, as línguas regionais angolanas e as línguas de pequenos grupos populacionais de Angola devem ser valorizadas, com base em estudos e criação de obras relacionadas com as suas origens e regras, além de se inculcar na mentalidade dos seus utentes a necessidade de usá-las com correcção. As nossas línguas fazem parte do património linguístico de Angola. Todas elas devem ser tratadas com dignidade. Por último, digo-lhes que falar bem as línguas angolanas é uma questão de valorização pessoal e demonstração da sua identidade linguística. Fico muito contente, quando oiço alguém falar fluentemente em português ou em línguas regionais angolanas. «Quem sabe, sabe». Quem sabe, de facto, fala e escreve com fluência.