Folha 8

SAUDADES DA LELLO

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Leitura do livro “Luanda como ela era” da jornalista portuguesa Rita Garcia, levou-nos a sentir saudades da Lello e não só, da Lusitana , a Minerva, a A ABC, A Mondego , a Popular de José Marques da Cunha, que foi durante muito tempo o único alfarrabis­ta em Angola, todas elas librarias de antes do desapareci­mento da Lello. E neste andar da memória não podemos “deixar de mencionar duas figuras que marcaram a Lello e os clientes . A figura incontorná­vel de Felisberto Lemos, o “livreiro da esperança”, o comunista que inundava Luanda de obras proibidas e que muitos iam ter para aceder a livros e fazer conspiraçõ­es, e Ricardo Manuel, inenarráve­l poeta, que nos anos 80 foi galardoado com um prémio literário na Coreia do Norte e foi receber o prémio a Pyongyang .A Lello era um espaço onde figuras como Luandino Vieira, Pepetela, Manuel dionísio, Dionisio Rocha e tantos outros por lá passavam para trocar livros e ideias. Mas. como tão bem descreveu Salambende Mucari, ”Em Agosto de 2015, a Lello encerrava para sempre. Um dos edifícios mais nobres da baixa luandense, foi adquirido por uma daquelas sociedades que compram coisas, que não sabem a quem pertenceu e nem o valor que deve merecer. Aquelas sociedades que compram edifícios históricos para os deitar abaixo. Aquelas sociedades onde outros valores se levantam , onde o valor do vil metal fala mais alto que os valores culturais, afectivos e sociais.”

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