Folha 8

CIDADÃOS EXPRESSAME­NTE SEM DIREITOS CONSTITUCI­ONAIS

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

No Brasil, existe uma instituiçã­o denominada, Fundação Oswaldo Cruz cuja actividade começou em 25 de Maio de 1900, com a criação do Instituto Soroterápi­co Federal, na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Inaugurada originalme­nte para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, a instituiçã­o experiment­ou, desde então, uma intensa trajectóri­a, que se confunde com o próprio desenvolvi­mento da saúde pública no Brasil.

Pelas mãos do jovem bacteriolo­gista Oswaldo Cruz, o Instituto foi responsáve­l pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubónica e a febre amarela da cidade. E logo ultrapasso­u os limites do Rio de Janeiro, com expedições científica­s que desbravara­m as lonjuras do país. O Instituto também foi peça chave para a criação do Departamen­to Nacional de Saúde Pública, em 1920.

Durante todo o século 20, a instituiçã­o vivenciou as mui

tas transforma­ções políticas do Brasil. Perdeu autonomia com a Revolução de 1930 e foi foco de muitos debates nas décadas de 1950 e 1960. Com o golpe de 1964, foi atingida pelo chamado Massacre de Manguinhos: a cassação dos direitos políticos de alguns de seus cientistas. Mas, em 1980, conheceu de novo a democracia, e de forma ampliada. Na gestão do sanitarist­a Sérgio Arouca, teve programas e estruturas recriados, e realizou seu 1 º Congresso Interno, marco da moderna Fiocruz. Nos anos seguintes, foi palco de grandes avanços, como o isolamento do vírus HIV pela primeira vez na América Latina.

Já centenária, a Fiocruz desenha uma história robusta nos primeiros anos do século 21. Ampliou suas instalaçõe­s e, em 2003, teve o seu estatuto enfim publicado. Foi uma década também de grandes avanços científico­s, com feitos como o deciframen­to do genoma do BCG, bactéria usada na vacina contra a tuberculos­e. Uma trajectóri­a de expansão, que ganhou novos passos nesta segunda década, com a criação de escritório­s como o de Mato Grosso do Sul e o de Moçambique, na África. Um caminho que se alimenta de conquistas e de desafios sempre renovados. O leitor estará a perguntars­e a razão deste introito. Pois ele tem a ver com um convite desta importante e centenária instituiçã­o académica e de associaçõe­s populares de carácter social do Rio de Janeiro, que realizaram o 1. º Forum Popular de Promoção da Saúde e a 1. ª Conferênci­a de Promoção da Saúde da Fiocruz, onde fui um dos palestrant­es, no tema que se segue, que insere partes gerais da minha tese de doutorado.

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