TRABALHAR MAIS E ROUBAR MENOS
No dia 22 de Março de 2017, a OMS recomendou aos países africanos para investirem mais nos seus sistemas de saúde para poderem detectar, prevenir e tratar melhor a depressão, doença que afecta 30 milhões de pessoas no continente. Se calhar, para ajudar em todas as enfermidades, a OMS deveria aconselhar os governos a roubar menos.
A recomendação foi feita na cidade da Praia por Sabastiana Nkoma, do Escritório Regional da OMS para a Saúde Mental, e por Shekhar Saxena, director do departamento de Saúde Mental da OMS, que estavam em Cabo Verde para participar numa série de actividades sobre a depressão, no âmbito do dia mundial de saúde.
Segundo Sabastiana Nkoma, os investimentos devem ser feitos a nível financeiro, com mais infra-estruturas de saúde, como hospitais, clínicas, mas também a nível de recursos humanos e profissionais capacitados para abordar a doença, que afecta 30 milhões de pessoas nos 47 países da região africana da OMS, 4% da população.
“Nos países de África, os profissionais que deviam atender as pessoas que têm problema de depressão são escassos, há poucos psiquiatras, poucos psicólogos e assistentes sociais, e mais de 75% da população que sofre transtorno mental, incluindo a depressão, não recebe nenhum tipo de tratamento”, apontou. A especialista sublinhou que as pessoas procuram primeiro os serviços tradicionais e quando a depressão já está fora de controlo é que aparecem nos postos sanitários.
“É por isso que devemos prestar mais atenção e todos os governos são recomendados a investir mais nos sistemas de saúde, incluindo a saúde mental, onde está a depressão”, sugeriu. A OMS recomendava que 5% dos orçamentos gerais dos países tem que ser dedicado ao sistema de saúde, mas salientava que ainda não chegaram a essa meta, estando apenas em 1% desse valor.
“Todos os países, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, independentemente da cultura, da língua, devem dar mais atenção à depressão”, completou Shekhar Saxena, considerando que só com mais recursos se pode tratar mais pessoas. Relativamente a Cabo Verde, onde 4,9% da população sofre de depressão, Sabastiana Nkoma disse que o país não está mal, estando a atingir as recomendações da OMS sobre a doença.
A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em actividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar actividades diárias, durante pelo menos duas semanas.
Em todo o mundo, o número de pessoas que vivem com a doença aumentou mais de 18% entre 2005 e 2015, para 322 milhões, com a prevalência a ser maior entre as mulheres.
A depressão é também a maior causa de incapacidade em todo o mundo e mais de 80% da carga está entre as pessoas que vivem em países de baixa e média renda.