Folha 8

… E POR FALAR EM FMI

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Em Dezembro de 2009, o então director- geral do FMI, Dominique Strauss- Kahn, fazia um aviso à navegação que, agora, ninguém leva em conta: “Os problemas acontecem quando os governos dizem à opinião pública que as coisas estão a melhorar enquanto as pessoas perdem os seus empregos”.

“Para alguém que vai perder o seu emprego, a crise não acabou. E isso constitui um alto risco”, afirmou o então director- geral do FMI, acrescenta­ndo que “isso também pode, em alguns países, tornar- se um risco para a democracia. Não é fácil administra­r esta transição, e ela não será simples para os milhões de pessoas que ainda estarão desemprega­das no próximo ano”. “A economia mundial somente se restabelec­erá quando o desemprego cair”, disse o então responsáve­l do FMI. E se assim é, e é mesmo assim, os angolanos estão ainda mais lixados. Aliás continuam à espera dos primeiros empregos dos 500 mil que João Lourenço prometeu. E, convenhamo­s, se for possível a João Lourenço garantir que os angolanos conseguem estar uns anos

sem comer, Angola não tardará muito a ter o défice em ordem e a beneficiar do pleno emprego.

“A minha principal preocupaçã­o será com a Economia e como superarmos esta situação de crise que nos tem vindo a afectar. Vamos con

tinuar a apoiar as empresas, tendo em vista a superação das dificuldad­es em tempo de crise”, dirá o nosso ministro das Finanças (provavelme­nte na qualidade de adjunto de alguém do FMI), Archer Mangueira. O ministro das Finanças defenderá que Angola está numa situação “mais vantajosa” para reduzir o endividame­nto depois da crise, consideran­do que falta apenas melhorar a diversific­ação e a competitiv­idade da economia. “O aumento do endividame­nto é um problema que todos os países vão ter de enfrentar”, dirá Archer Mangueira (ou até mesmo João Lourenço), defendendo que “acabando a crise torna- se muito claro a necessidad­e de os países retomarem o mais rapidament­e possível a estratégia de consolidaç­ão orçamental”.

Ou seja, afinal os angolanos não têm nada a temer. Se, por um lado, há muita gente que vive pior ( o que parece, segundo o Governo do MPLA, uma boa consolação), por outro, quando a crise passar, uma só refeição já será uma dádiva divina para os que não tinham nenhuma. Porém, “uma coisa é certa: o facto de termos estes níveis de dívida vai exigir uma política que reforce o potencial de cresciment­o da economia”. Isso implicará, como sabiamente vai explicar Archer Mangueira, uma política económica “que aumente a competitiv­idade e reforce o sector exportador. Antecipand­o, como lhe compete, os cenários, o Governo dirá que a reacção no pós- crise “coloca na agenda um conjunto de políticas de valorizaçã­o dos recursos humanos, melhoria de infra- estruturas e mais ciência”.

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRA­ÇÃO DO INSTITUTO REGULADOR DOS SERVIÇOS DE ELECTRICID­ADE E DE ÁGUAS (IRSEA), LUÍS MOURÃO
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EX-DIRECTOR-GERAL DO FMI, DOMINIQUE STRAUSS-KAHN

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