JOÃO LOURENÇO PRESTOU CONTAS AO SOBERANO NA ENTREVISTA? A RESPOSTA É NÃO
Nentrevista do presidente da República João Lourenço à TPA (pela primeira vez) – com possibilidade de o jornalista Nok Nogueira também perguntar coisas que nunca seriam respondidas, pela forma, também, pouco profissional como o fez – a julgar pelo perfil do entrevistado! –, contrariando uma falsa ideia veiculada pelos órgãos de imprensa de que se deu entrevista também ao “Novo Jornal”, quando não é bem assim (já vou explicar no desenvolvimento) – acabou por capitalizar todas as atenções dos conteúdos divulgados pela imprensa angolana durante a semana de 23 a 30 de junho de 2019, uma vez que uma entrevista de um Chefe de Estado, em qualquer parte do mundo, tem sempre grande impacto (interesse público) na maioria dos cidadãos governados de um país normal, que pretenderão sempre saber se estão diante de um presidente da República honesto ou não. Entrevistas a esse nível, quer se aceite ou não, têm sempre um pendor de “julgamento” do entrevistado. É como se o presidente da República estivesse na cadeira de “réu” e os jornalistas na cadeira de “juiz”, coisa que não aconteceu no referido exercício. É preciso que você, meu caro leitor, saiba os critérios deste meu exercício semanal: é claro que é humanamente impossível que apenas uma cabeça oiça tudo, veja tudo e leia tudo. Eu não sou super-homem. Portanto, o critério adoptado tem com base acompanhamentos aleatórios da imprensa – numa amostra de principais órgãos ouvidos, vistos e lidos com base na obervação do analista – e o positivo e negativo são os aspectos que mais se encontram nos extremos, não estando, com isso, a assumir-se que quem não foi citado não trabalhou durante a semana ou não fez nada de positivo nem de negativo. A ideia não é esta. A ideia é proporcionar-lhe, caro leitor, uma visão individual do cidadão e jornalista Carlos Alberto – puramente subjectiva. Toda a opinião vale o que vale. A minha opinião
pode valer para alguns e não valer para outros. Ainda assim, eu prefiro correr este risco, estando submetido igualmente ao seu escrutínio para que confirme ou não se faço análises imparciais ou eivadas de “vícios de forma”. Nesta introdução, vale dizer que esta análise semanal teria sido outra se a entrevista do presidente da República não tivesse acontecido.
Como aconteceu, e é factual, tive de deixar para trás alguns outros aspectos positivos e negativos da minha observação com base no critério “relevância pública”. Destaca-se, nesta análise, o “marketing político” mal feito por parte dos assessores de comunicação do presidente da República, que têm demonstrado algum “amadorismo” nestas andanças, pelos resultados que a entrevista causou. Podiam ter feito um trabalho mais profissional com o presidente da República João Lourenço. O negativo de maior impacto desta análise vai para eles ( assessores e auxiliares de comunicação do PR). O positivo de maior impacto, ao nível de desempenho dos órgãos de comunicação social, vai para duas rádios privadas, que durante a semana finda mostraram maior preocupação em responder aos anseios político- sociais do seu público- ouvinte, embora a Rádio Despertar continue a demonstrar maus exemplos no que ao tratamento de matérias relacionadas com o partido no poder (MPLA) diz respeito – exactamente o mesmo exercício de violação à lei que os militantes do MPLA fazem nos órgãos públicos com peças relacionadas com a UNITA –, chegando mesmo a contribuir negativamente para uma imagem da UNITA, maior partido na oposição em Angola, que diz aspirar ser poder no país. O facto curioso nesta minha análise “4” é que a mesma pessoa que recebeu a maior nota positiva na análise “3” recebe hoje nota negativa, por não ter tido o cuidado de se ter preparado convenientemente, como demonstrou, e bem, noutras ocasiões no “Novo Jornal”, tendo merecido o meu elogio público. Estou a falar de Nok Nogueira. Não esteve bem. No entanto, foi o Nok Nogueira que mais encarnou o espírito que deve ser dado a uma colectiva: conseguiu rebater as “não respostas” do entrevistado João Lourenço, usando inclusive a deixa do seu colega Luís Caetano. Mostrou foco no interesse público. Por outro lado, há uma nota positiva para o Luís Caetano da TPA, fruto de uma coisa que dificilmente acontece naquela estação pública: produziu- se notícia numa entrevista. Aperte o cinto. Vamos então ao positivo e ao negativo da semana.