Folha 8

PERCURSO DO ESCRITOR

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JOSÉ LUANDINO VIEIRA nasceu em Ourém, em 1935. Com apenas três anos de idade partiu para Angola e passou toda a infância e juventude em Luanda, onde concluiu o ensino secundário. Com o eclodir da guerra colonial, ingressou nas fileiras do MPLA e participou activament­e no movimento de libertação nacional. Foi várias vezes detido pela polícia política - PIDE. Em 1961, foi condenado a 14 anos de prisão. Em 1964, foi transferid­o para o campo de concentraç­ão do Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou detido durante oito anos. Iniciou a publicação da sua vasta obra, escrita, na grande maioria, nas prisões por onde passou. Em 1975, regressou a Angola, onde desempenho­u vários cargos, designadam­ente Director do Departamen­to de Orientação Revolucion­ária do MPLA ( 1975- 1979), Director da Televisão Popular de Angola ( 1975- 1978), Director do Instituto Angolano de Cinema ( 1979 – 1984), Co- fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi Secretário- Geral ( 1975- 1980 e 1985- 1992) e Secretário- Geral da Associação dos Escritores Afroasiáti­cos ( 1979- 1984). Foram- lhe atribuídos vários Prémios, designadam­ente Grande Prémio de Novelístic­a da Sociedade Portuguesa de Escritores. Prémio Camilo Castelo Branco ( 1965), Prémio Sociedade Cultural de Angola ( 1961), Prémio Casa dos Estudantes do Império ( 1963), Prémio Mota Veiga ( 1963), Prémio Camões ( 2006). Recusado pelo Autor, por se considerar um “escritor morto”. Em 1992, o fracasso das primeiras eleições em Angola e o recomeço da guerra, foram as principais razões do seu regresso a Portugal. Radicou- se no Minho, próximo de vila Nova de Cerveira, onde vive isolado, dedicando- se à agricultur­a. Sobre JOSÉ LUANDINO VIEIRA diz José Eduardo Agualusa “Luandino Vieira é um nome tão grande da literatura portuguesa que a sua distinção já há muitos anos era esperada. A sua obra tem um enorme valor e este prémio é um reconhecim­ento da dinâmica das literatura­s africanas e do vigor da Língua Portuguesa em África”.

Segundo Lídia Jorge, “Luandino Vieira é também um marco revolucion­ário pelo movimento que criou em Portugal a favor da liberdade de expressão”. Para Eduardo Lourenço, Luandino Vieira é um autor que conta na literatura de Língua Portuguesa porque foi, a certa altura, quase um símbolo de rebelião”

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