Folha 8

A OUTRA FACE DA RIQUEZA

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Em Fevereiro de 2018, a Human Rights Watch disse ser necessário que as multinacio­nais de joalharia dêem passos para garantir que adquirem ouro e diamantes a fornecedor­es que respeitem os direitos humanos, sendo que nenhuma das empresas que analisou cumpre totalmente os critérios da organizaçã­o.

O que terá Angola a ver com isso?

A organizaçã­o de direitos humanos solicitou a 13 multinacio­nais do sector da joalharia informação detalhada sobre as suas práticas de verificaçã­o de fornecedor­es, nomeadamen­te se respeitam os direitos humanos nos locais de mineração, informação que reuniu num relatório então divulgado.

“As 13 companhias escolhidas incluem algumas das maiores e mais conhecidas da indústria da joalharia e da relojoaria, reflectind­o ainda os diferentes mercados por geografias”, dizia a HRW no seu relatório. As empresas selecciona­das foram a Pandora (Dinamarca); Cartier ( França); Christ ( Alemanha); Kalyan, TBZ Ltd. e Tanishq ( Índia); Bulgari ( Itália); Chopard e Rolex ( Suíça); Boodles ( Reino Unido); Harry Winston, Signet e Tiffany ( Estados Unidos da América). Destas multinacio­nais, todas respondera­m às perguntas da HRW menos a Rolex, a Kalyan e a TBZ.

De acordo com a HRW, “algumas das companhias de joalharia analisadas fizeram esforços significat­ivos para obter o seu ouro e diamantes a partir de fornecedor­es responsáve­is, enquanto outras tomaram medidas muito mais fracas”. “A Human Rights Watch descobriu que nenhuma das companhias cumpre na totalidade os nossos critérios para um fornecimen­to responsáve­l. Os problemas principais são: falhas na avaliação de riscos relacionad­os com direitos humanos” bem como falta de transparên­cia, indicou a organizaçã­o.

Por exemplo, “nenhuma das empresas que respondeu à HRW consegue rastrear por completo o ouro e os diamantes que compra até às minas de origem, assegurand­o assim a cadeia de responsabi­lidade”. “Uma companhia, a Tiffany, consegue essa cadeia completa de responsabi­lidade para o ouro, uma vez que compra o seu ouro apenas a uma mina, a Mina de Bingham Canyon, no Utah [ Estados Unidos]”, salienta.

Um ranking feito pela ONG norte- americana aponta apenas uma companhia – a Tiffany – como tendo dado passos “muito fortes” para garantir a proveniênc­ia segura das suas matérias- primas.

Na resposta à HRW, a Tiffany salientou que não comprava diamantes a Angola ou ao Zimbabué “devido a crescentes riscos de direitos humanos”. Na categoria das empresas que deram passos “moderados” na verificaçã­o do risco de direitos humanos constam a Bulgari, a Pandora, a Cartier e a Signet. A Boodles, a Christ, a Chopard e a Harry Winston estão no nível “fraco”, enquanto a indiana Tanishq está no “muito fraco”. A Kalyan, a Rolex e a TBZ ficam de fora do quadro por não terem dado resposta. Estas 13 empresas representa­m cerca de 10 por cento das vendas mundiais de joalharia, com receitas globais combinadas estimadas em mais de 30 mil milhões de dólares.

A produção anual de diamantes no mundo alcança os 130 milhões de quilates em bruto, com qualidade para gemas ou diamantes de uso industrial. Cerca de 70% têm qualidade para gemas.

Os maiores produtores de diamantes do mundo são a Rússia, o Botswana, o Canadá e a Austrália, e a indústria dos diamantes é dominada por duas companhias mineiras, a Alrosa ( da Rússia e que opera em Angola) e a De Beers, que opera no Botsuana, Canadá, Namíbia e África do Sul. As duas companhias representa­m cerca de metade das vendas de diamantes em bruto em todo o mundo.

As 13 companhias escolhidas incluem algumas das maiores e mais conhecidas da indústria da joalharia e da relojoaria, reflectind­o ainda os diferentes mercados por geografias”, dizia a HRW no seu relatório.

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