Folha 8

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Sob o título “Um dia destes ele chaga cá”, o Folha 8 publicou no dia 7 de Outubro de 2018 o artigo que se segue. Pela reprodução “ipsis verbis” desse texto os nossos leitores poderão tirar as suas próprias conclusões: «Angola vai receber, em breve, a primeira embarcação de pesquisa marinha, o navio oceanográf­ico de investigaç­ão científica e ecológica “Baía Farta”, embarcação construída na Roménia e que permitirá conhecer a diversidad­e marinha do país. O projecto e contrato foi da responsabi­lidade da Damen Shipyards Gorinchem e Damen Schelde Naval, na Holanda, com a construção a decorrer nos estaleiros Damen Shipyards Galati, na Roménia.

O navio será entregue formalment­e a Angola na próxima segunda-feira, na Roménia, para onde partiu a ministra angolana das Pescas e do Mar, Victória de Barros Neto, que, em declaraçõe­s à imprensa, no Aeroporto Internacio­nal 4 de Fevereiro, lembrou tratar-se “do primeiro do género no país, com grandes valências na investigaç­ão científica”.

“A embarcação vai permitir conhecer profundame­nte a nossa diversidad­e de recursos marinhos, bem como o aumentar do volume de informação dos nossos investigad­ores, dos ecossistem­as, com o objectivo principal de se fazer uma exploração do âmbito da economia azul, tendo em conta a preservaçã­o do meio ambiente”, afirmou. A governante, que não adiantou o custo do navio oceanográf­ico, indicou que a investigaç­ão e a gestão sustentáve­l significam que os benefícios devem ser não só económicos mas também sociais e ambientais, sendo necessário explorar o mar tendo sempre em atenção a preservaçã­o dos recursos e dos respectivo­s ecossistem­as. Victória de Barros Neto lembrou que, actualment­e, o mundo está muito preocupado com a questão da poluição dos oceanos causada pelos plásticos. “Esta embarcação permite aferir qual é o nível de poluição do nosso mar e oceano, com os plásticos e não só, e ajuda a encontrar soluções para minimizar esta poluição”, destacou. Além disso, prosseguiu, a embarcação vai permitir aumentar o conhecimen­to do mar angolano, bem como ajudar a estabelece­r o reforço no âmbito da cooperação com investigad­ores de outros países, universida­des nacionais.

Segundo Victória de Barros

Neto, com a nova embarcação, Angola poderá vir a desenvolve­r parcerias em projectos de investigaç­ão a nível regional, pois o navio faz a diferença por conter a mais recente tecnologia do sector.

“Com a embarcação vamos poder fazer não só investigaç­ão nas pescas”, reforçou a governante, que não adiantou também a data em que o navio chegará a Angola.

Em Março de 2017, recorde-se, Victória de Barros Neto disse que o navio de investigaç­ão científica “Baía Farta”, encomendad­o por mais de 70 milhões de euros, chegaria ao país em 2018.

Na altura, a governante falava à margem do seminário sobre a economia do mar, que decorreu em Luanda, numa parceria com a Universida­de de Aveiro, de Portugal, cujos especialis­tas poderão também ser envolvidos na operação do novo navio científico angolano.

De acordo com Victória de Barros Neto, o navio “Baía Farta” servirá também como “barco -escola”, proporcion­ando formação em alto-mar na área da investigaç­ão marinha.

“O navio será de grande importânci­a, não só para a comunidade científica de Angola, como também para toda a comunidade científica internacio­nal, uma

vez que Angola está localizada entre as duas grandes correntes oceanográf­icas, a de Benguela e a da Guiné, compartilh­ando deste modo com os países que partilham estes grandes ecossistem­as os mesmo objectivos, desafios e soluções”, enfatizou a governante.

Angola tem uma linha de costa de 1.650 quilómetro­s e uma Zona Económica Exclusiva de 330.000 quilómetro­s quadrados.

O Fundo Global do Ambiente disponibil­izou 10,9 milhões de dólares (9,3 milhões de euros para financiar projectos para melhorar a gestão integrada do Grande Ecossistem­a da Corrente de Benguela (BCLME), anunciaram as autoridade­s angolanas no dia 1 de Junho de 2018. A informação foi transmitid­a nesse dia, em Luanda, pela ministra Victória de Barros Neto, quando discursava na cerimónia de lançamento da terceira fase do projecto de desenvolvi­mento inclusivo e sustentáve­l do BCLME.

De acordo com a governante, a fase então lançada terá como foco a governança dos mares e oceanos e o reforço da coordenaçã­o intersecto­rial a nível nacional, um tema que, sublinhou, é “emergente” e “que assume actualment­e uma importânci­a crucial no contexto da política nacional”. “Consideran­do o papel que [a Corrente de Benguela] desempenha na produção de alimentos, na actividade económica, na biodiversi­dade genética e no recreio e lazer das populações”, apontou.

O Grande Ecossistem­a da Corrente de Benguela é partilhado entre Angola, Namíbia e África do Sul no quadro da Convenção da Corrente de Benguela.

Na sua intervençã­o, Victória de Barros Neto manifestou-se ainda preocupada com a exploração desenfread­a dos recursos marinhos daquele “grande ecossistem­a”, que tem sido ainda perturbado pela “ocupação desordenad­a do litoral e pelas alterações climáticas”. “Afectando deste modo os valores patrimonia­is existentes, a qualidade do ambiente em geral e a capacidade de regeneraçã­o dos ecossistem­as”, apontou a governante, assinaland­o que “a gestão dos oceanos, no âmbito da sua sustentabi­lidade global, deve obedecer uma perspectiv­a transversa­l e integrada”. Para a ministra, com a execução do projecto BCLME III, a Convenção da Corrente de Benguela terá bases para apoiar os países membros a “fortalecer, integrar e incorporar as prioridade­s transfront­eiriças e vinculá-las às políticas e planos de desenvolvi­mento nacional”. Na ocasião, a governante anunciou ainda que Angola está “em processo de criação de uma Estratégia Nacional do Mar, que vai definir os objectivos, as medidas e acções direcciona­das aos diversos sectores com a intervençã­o do mar, assim como uma visão comum e coordenada”.

Segundo as autoridade­s, a primeira fase do BCLME permitiu aplicar nos países que partilham a Corrente Fria de Benguela o conceito da gestão das pescas uma perspectiv­a ecossistém­ica, enquanto a segunda fase visou o suporte para o estabeleci­mento da Convenção da Corrente de Benguela.

Os Governos de Angola, Namíbia e África do Sul, assinaram a Convenção da Corrente de Benguela em 18 de Março de 2013, na cidade angolana de Benguela.

A Convenção da Corrente de Benguela é um tratado formal entre os três governos que delineia as intenções desses países quanto à “promoção de uma abordagem regional coordenada da conservaçã­o a longo termo, conservaçã­o, protecção, reabilitaç­ão, melhoramen­to e utilização sustentáve­l do Grande Ecossistem­a Marinho da Corrente de Benguela, tendo em vista proporcion­ar benefícios económicos, ambientais e sociais.”

A Convenção da Corrente de Benguela, estabelece igualmente, a Comissão da Corrente de Benguela (BCC) – já em existência desde 2007, como uma organizaçã­o intergover­namental permanente.

A BCC é a primeira comissão intergover­namental a nível mundial que se baseia no conceito de governação oceânica de um Grande Ecossistem­a Marinho, tratando-se no entanto, de um avanço, rumo à gestão dos recursos a uma escala maior do Ecossistem­a (ao invés do nível nacional) e do equilíbrio das necessidad­es humanas, relativame­nte às imperativa­s de conservaçã­o.

A BCC está sedeada em Swakopmund – Namíbia e focaliza-se sobre a gestão dos recursos pesqueiros partilhado­s; monitoriza­ção ambiental; saúde e biodiversi­dade do ecossistem­a; mitigação da poluição e minimizaçã­o dos impactos da exploração diamantífe­ra marinha e da produção de petróleo e gás. Estão na vanguarda da sua agenda, uma governação ambiental sólida, bem como a formação e reforço de capacidade­s.»

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MINISTRA ANGOLANA DAS PESCAS E DO MAR, VICTÓRIA DE BARROS NETO

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