Folha 8

SER DO FMI OU QUERER SER NÃO SIGNIFICA SER DONO DA VERDADE

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O representa­nte do FMI em Angola, Max Alier, defende a “eliminação dos subsídios” aos combustíve­is, água e electricid­ade no país, porque “beneficiam os mais ricos”, e a implementa­ção de “programas de apoio às pessoas mais vulnerávei­s”. Com combustíve­is, água e electricid­ade mais caros está-se mesmo ver que os pobres vão viver… melhor!

“A nossa posição nesse sentido é clara, os subsídios aos combustíve­is, à água e à electricid­ade são ineficient­es e (…) beneficiam, principalm­ente, as pessoas mais ricas, porque são as que mais consomem e mais se apropriam dos subsídios”, afirmou Max Alier, em declaraçõe­s aos jornalista­s, em Luanda. Para o representa­nte do FMI, a eliminação dos subsídios deve decorrer, “ao mesmo tempo, com a implementa­ção de um programa de apoio às famílias mais necessitad­as”, por entender que o peso actual “relativo às despesas em subsídios é maior no total das despesas das famílias vulnerávei­s”. Falando à margem da nona edição do Fórum Banca, realizado pelo semanário económico Expansão, Max Alier deu conta de que “está já em curso” a implementa­ção de um programa de transferên­cia de renda para o apoio às famílias mais necessitad­as, elaborado pelo Governo em parceria com o Banco Mundial “A subsídios ajudam, nossa (BM). devem são recomendaç­ão ineficient­es, ser eliminados, é: não os mas tando-se deve o ser Programa feito implemen- de Transferên­cia de Renda para apoio às famílias mais necessitad­as”, adiantou. Max Alier, que no encontro falou sobre “A Intervençã­o do FMI em África e no Mundo – O que Esperar em Angola”, assinalou a primeira avaliação do Programa de Assistênci­a que o Fundo tem com o país, que permitiu já o segundo desembolso de perto de 250 milhões de dólares (220 milhões de euros). No quadro do Programa de Assistênci­a Financeira a Angola, com duração de três anos, orçado em 3,7 mil milhões de dólares, o FMI fez em Dezembro de 2018 o primeiro desembolso avaliado em 1.000 milhões de dólares. O segundo aconteceu no decurso deste mês, orçado em 248 milhões de dólares, depois da aprovação da primeira revisão. Segundo o representa­nte do FMI, o programa “tem tido um começo promissóri­o, com as autoridade­s a cumprirem a maioria dos compromiss­os”, manifestan­do-se “optimista” de que este “vai ajudar Angola a melhorar o quadro macroeconó­mico e financeiro”.

“Vai fortalecer a situação macroeconó­mica e financeira”, considerou. Questionad­o sobre os aspectos positivos e negativos da implementa­ção do programa em Angola, Max Alier destacou o “grande esforço fiscal, a diminuição da inflação e os avanços do mercado cambial” como “notas positivas”.

O responsáve­l do FMI adiantou que, em 2017, Angola teve um défice orçamental acima de 6% do Produto Interno Bruto e, em 2018, teve um superavit acima de 2%. “Foi um grande esforço fiscal positivo que era necessário devido ao grande aumento do endividame­nto público nos últimos anos”, adiantou. “Também cabe destacar os avanços no mercado cambial em Dezembro de 2017. O diferencia­l entre o paralelo e o oficial era acima dos 150% e hoje a diferença é só de 30%”, destacou, acrescenta­ndo: “Acho que são grandes passos no caminho de normalizar a situação macroeconó­mica e financeira”. Em relação às recomendaç­ões, Max Alier adiantou que Angola “tem desafios importantí­ssimos que não serão resolvidos de uma só vez”, como a implementa­ção do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA), cuja aplicação está agora prevista para 1 de Outubro, para “alargar” a base tributária do país. “Angola também tem uma alta dependênci­a da receita petrolífer­a e é importante para não ter essa vulnerabil­idade ampliar, alargar a base da receita para uma menor dependênci­a do sector petrolífer­o”, defendeu. Para o representa­nte do FMI em Angola, “a reforma do IVA, por exemplo, está encaminhad­a nesse sentido, em criar impostos que não dependem do preço do petróleo e, assim, o Governo não depende dessa vulnerabil­idade”.

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REPRESENTA­NTE DO FMI EM ANGOLA, MAX ALIER

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