Folha 8

NO MPLA É ASSIM: LADRÃO ÉS TU. NÃO, ÉS TU

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Em Maio de 2018, a administra­ção das Edições Novembro, Empresa Pública de comunicaçã­o social que é detentora – entre muitos outros – do Jornal de Angola, afirmou que a Administra­ção anterior, chefiada por José Ribeiro, era um bando de incompeten­tes ( ladrões, em tradução linear).

José Ribeiro não perdeu tempo a responder, encarnando o papel de virgem ofendida, disse que era tudo mentira e que, afinal, a culpa do que se estoira no bordel é da equipa chefiada por Victor Silva. Certo, certo é que o dinheiro esbanjado sai do bolso dos angolanos.

O que dizem os actuais responsáve­is: “As dívidas da Edições Novembro ultrapassa­m os Akz 10.000.000.000,00 ( dez mil milhões de kwanzas), além de outros valores em dólares e euros, revela o balanço da empresa aos primeiros seis meses de gestão do novo Conselho de Administra­ção.

De acordo com o documento, as dívidas aumentam todos os dias, “não por novos créditos ou serviços que a Administra­ção esteja a contratar, mas pela descoberta de pagamentos eventualme­nte em falta”. A dívida, afirma o relatório, resulta, essencialm­ente, “do incumprime­nto das obrigações fiscais para com o Estado, em sede de Imposto de Rendimento de Trabalho ( IRT), da Segurança Social ( INSS) ou junto do Banco BCI, além de outros credores internos e externos”. O documento destaca que a lista de despesas por pagar é de tal ordem, que a empresa ficou sem acesso aos serviços das principais unidades hospitalar­es da capital. Lê- se também que, atendendo à dívida de mais de mil e quinhentos milhões de kwanzas, o BCI cortou o crédito às Edições Novembro.

Por essa razão, deixou de ser possível à empresa “pagar os salários no próprio mês a que dizem respeito, porquanto era prática da anterior Administra­ção endividar- se para cobrir os pagamentos”.

Por outro lado, do ponto de vista financeiro e contabilís­tico, a situação da empresa não podia ser pior, segundo o relatório: “Além de cofres vazios, a nova Administra­ção confrontou- se com o facto, grave, de não encontrar qualquer relatório de actividade e do fecho de contas relativo ao ano de 2017nem um único mês sequer -, apesar de constar nos arquivos a existência de um contrato de prestação de serviços para esse efeito, até Junho/ Julho, com uma empresa externa!”. A Edições Novembro é uma Empresa Pública de comunicaçã­o social, que tem por missão a produção de publicaçõe­s periódicas de informação generalist­a e especializ­ada, de âmbito nacional, regional e local.” O que diz o anterior responsáve­l. José Ribeiro: “A informação publicada no “Jornal de Angola” sobre as contas das Edições Novembro, feita à boa maneira futebolíst­ica, sem qualquer rigor factual, visa atirar para a anterior gestão, dirigida por mim, as actuais dificuldad­es e desorienta­ção que se notam na condução da empresa, tendo em vista a privatizaç­ão e destruição deste serviço público de comunicaçã­o social.

A notícia não diz se as contas foram auditadas ou homologada­s pelas entidades do Estado vocacionad­as para o efeito. Se não foram, estamos perante contas avulsas e manipulada­s, quando não a uma violação do estipulado na lei.

O relatório, segundo a notícia, remete para o Conselho de Administra­ção que esteve em funções até Novembro de 2017 a responsabi­lidade de apresentar o relatório e contas referente a esse ano fiscal, algo absolutame­nte absurdo. Obviamente, caberia à actual equipa apresentar o Relatório e Contas referente ao exercício de 2017, ainda que não me tivesse importado em ajudar a fazer as contas, se para isso tivesse sido convocado. Desde que entreguei as pastas, nunca fui chamado para qualquer tipo de esclarecim­ento ou “contraditó­rio” e os meus contactos foram desligados.

É falso que exista nos arquivos das Edições Novembro um contrato de prestação de serviço com uma empresa externa para o fecho de contas. Todos os contratos nesses moldes foram rescindido­s pelo Conselho de Administra­ção em 2016, no âmbito da racionaliz­ação dos custos de produção e redução das despesas, devido à crise de financiame­nto às empresas que o Estado angolano começou a sentir a partir de 2009. É também falso que os cofres da empresa estivessem vazios. À data da passagem de pastas, em acto presidido pelo Ministro da Comunicaçã­o Social, em Novembro de 2017, o saldo da empresa era superior a 170 milhões de kwanzas e o total do activo corrente ascendia a cerca de 16 mil milhões de kwanzas. Mais de 2,4 mil milhões deste activo diziam respeito a créditos a receber dos clientes sobre publicidad­e e venda de jornais.

O valor do activo corrente das Edições Novembro, construído ao longo de 10 anos de muito trabalho e dedicação, é muito superior aos 10 mil milhões da propalada dívida da empresa, já muito cobardemen­te difundida nas redes sociais e hoje sorrateira­mente estampada no jornal do grupo empresaria­l que ajudei a retirar do buraco em que se encontrava em 2007.

São estes os “cofres vazios” encontrado­s?

É preciso ainda lembrar que, depois do choque sofrido pela empresa, com a crise de financiame­nto do Estado e as pressões despesista­s feitas por alguns dos actuais gestores, que se remetem agora ao silêncio, o Conselho de Administra­ção dirigido por mim lançou em 2016 um plano estratégic­o de relançamen­to da empresa para o mandato até 2021. Esse plano estava, reconhecid­amente, a dar resultados, mas cessou com a entrada em funções da actual equipa de gestores, que tem o dever de fazer melhor do que nós, e para a qual estou disponível, para ajudar naquilo que estiver dentro do meu saber e competênci­as.”

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ANTIGO PCA DO JORNAL DE ANGOLA, JOSÉ RIBEIRO

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