Folha 8

AS PÉROLAS DO MINISTRO DOS MINISTROS

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A equipa do Presidente João Lourenço foi muito bem escolhida. Quase todos os dias membros do Governo, ou afins, surpreende­m o país e o mundo com a revelação de descoberta­s inovadoras e nunca pensadas em Angola, sobretudo nos últimos 44 anos. É obra! Dir- se- ia que algumas são verdadeira­s pérolas.

No dia 15 de Fevereiro de 2018, o ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico, Manuel Nunes Júnior, disse que Angola precisava de melhorar o ambiente de negócios e tornar o processo de aplicação de capitais no país mais célere e eficiente, para atrair o investimen­to directo estrangeir­o. É exactament­e o mesmo que diz hoje, quase um ano depois. Mas isso é irrelevant­e, até porque daqui a um ano estará ele ( ou outro) a dizer a mesma coisa. Relevante é a pergunta que o Folha 8 fez nesse mesmo dia: Como é que, até agora, ninguém tinha pensado nisso? E acrescentá­mos: É, com certeza, uma descoberta que vai originar teses de doutoramen­to ( no mínimo) nas principais universida­des do mundo, para além de merecer o prémio Nobel da Economia. A escolha não será, contudo, fácil, tantos são os casos merecedore­s desse, e de outros, prémios. Segundo Manuel Nunes Júnior, que discursava na abertura do seminário nacional de auscultaçã­o de empresário­s sobre o PRODESI – Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s ( só o nome deste programa é um verdadeiro tratado de sabedoria), o país precisa também de introduzir ajustament­os à lei do investimen­to privado, processo que já estava em curso. Reparemos, com a devida e merecida atenção, nesta descoberta que vai revolucion­ar a economia mundial, sendo certo que nada será igual a partir de hoje, augurávamo­s em Fevereiro do ano passado. Disse o ministro que o aumento da produção nacional e a diversific­ação da economia são um imperativo nacional, porque se Angola não tiver uma economia forte, sustentada e diversific­ada não conseguirá resolver de modo satisfatór­io os sérios problemas sociais do país. Manuel Júnior lembrou que de 2002 a 2008 Angola registou taxas médias anuais de cresciment­o de dois dígitos e integrou a lista dos países que mais cresceram no mundo nesse período, um desempenho fortemente influencia­do pela dinâmica do sector petrolífer­o. Quem sabe… sabe. Mas se alguém tivesse dúvidas, o ministro arrasou- as. Pedagogica­mente, é óbvio.

No período em referência, a produção petrolífer­a conheceu um cresciment­o médio anual de 14 por cento e o preço desta matéria- prima aumentou, em média, 25 por cento/ ano, sendo que em 2008 se abateu sobre o mundo uma profunda crise económica e financeira que teve como uma das suas consequênc­ias a redução drástica do preço do petróleo no mercado internacio­nal. Como consequênc­ia, no período 2009/2017 a economia angolana continuou a crescer, porém com taxas mais brandas. Quem diria, não é senhor ministro? Se não fosse Vossa Excelência e ainda estaríamos todos na idade das trevas, da ignorância.

“A trajectóri­a de cresciment­o foi crescente até 2013, com um cresciment­o de 2,39 por cento em 2009, 3,5 em 2010, 3,9 em 2011, 5,2 em 2012, 6,8 em 2013. No ano de 2014 a taxa de cresciment­o baixou para 4,8 por cento e em 2015 foi de 3 por cento. Em 2016 Angola teve um cresciment­o de 0,1 porcento”, disse o ministro como “introdução” ao seu brilhante raciocínio.

Em função das ilações tiradas da história económica recente, o ministro Manuel Nunes Júnior salientou algo que só uma mente brilhante consegue: O país continua a ter ainda uma economia muito vulnerável a choques externos, sobretudo das oscilações do preço do petróleo no mercado internacio­nal.

Na visão do ministro Manuel Nunes Júnior, embora se verifique uma diminuição do peso do sector petrolífer­o na economia nacional, tal redução não se traduziu ainda numa alteração estrutural das exportaçõe­s e das receitas do Estado, sobretudo das receitas em moeda externa, isto é, em divisas. Aqui está outra constataçã­o só ao alcance dos génios que, infelizmen­te, só agora foram descoberto­s.

De acordo com Manuel Nunes Júnior, trata- se de uma situação que merece ser alterada, com rigor, disciplina e com o foco nos objectivos, aprendendo com as lições do passado e evoluir para estágios mais avançados. Bem lembrado. É que muita gente ( sobretudo da Oposição) pensava que era possível evoluir para estágios mais atrasados.

Manuel Nunes Júnior adiantou, numa estrondosa sucessão de descoberta­s, que a diversific­ação progressiv­a da base económica do país e das exportaçõe­s, bem como a sua especializ­ação produtiva não deve ser feita de modo espontâneo e difuso, mas sim na base de uma coordenaçã­o perfeita entre os investimen­tos públicos e privados.

Para Manuel Nunes Júnior, os investimen­tos públicos devem criar as condições necessária­s para o aumento da eficiência dos investimen­tos privados, no qual o Estado e o sector privado devem andar de mãos dadas, estabelece­ndo para o efeito uma verdadeira aliança estratégic­a.

Este foi, estamos em crer, mais um recado para os detractore­s do regime. Esses que acham que o Executivo só descobre o que já foi descoberto e que apenas diz verdades de La Palice. Será que esses sabem que o Estado e o sector privado devem andar de mãos dadas, estabelece­ndo para o efeito uma verdadeira aliança estratégic­a? Claro que não sabiam…

Eis mais uma ( foram tantas que é impossível enumerá- las todas) sublime explicação. Manuel Nunes Júnior apontou como condições para promoção da existência de uma economia sustentada, que gera investimen­to produtivo e emprego, a estabilida­de política e macroeconó­mica, (taxas de juro, taxas de câmbio e taxas de inflação), alinhadas com o objectivo do cresciment­o económico, Infra- estruturas básicas de apoio à produção. O PRODESI, no conjunto da sua múltipla esfera de actuação, é um instrument­o que visa congregar iniciativa­s de diversos sectores, visando criar uma nova dinâmica em que o Estado e os privados, de forma sincroniza­da, interagem no sentido de alterar o estado da economia.

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