Folha 8

PICARETA ASSOBIANTE SOB AS ORDENS DO MAESTRO OBIANG

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Ocomité de Direitos Humanos das Nações Unidas (OHCHR) manifestou hoje, em Genebra, preocupaçõ­es com a permanênci­a da “corrupção generaliza­da” na Guiné Equatorial (“país” que integra a CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa), recomendan­do a intensific­ação dos esforços no combate a fenómenos como o branqueame­nto de capitais.

O comité registou a adopção ( em tese) de medidas de luta contra a corrupção, incluindo a ratificaçã­o da convenção das Nações Unidas sobre o assunto, a criação do Tribunal de Contas e do Comité Nacional de Coordenaçã­o das políticas de luta contra o branqueame­nto de capitais e de financiame­nto do terrorismo. No entanto, a ONU manifestou preocupaçã­o com informaçõe­s segundo as quais “a corrupção no Estado continua generaliza­da, em particular entre os altos cargos do Governo” e que “as medidas preventiva­s são insuficien­tes”. No âmbito da CPLP será o único?

Os responsáve­is do comité das Nações Unidas apontaram ainda que a Guiné Equatorial não forneceu informação concreta sobre julgamento­s e condenaçõe­s por actos de corrupção.

A posição do comité consta das observaçõe­s finais do primeiro exame aos progressos da Guiné Equatorial na aplicação do Pacto Internacio­nal sobre Direitos Civis e Políticos ( ICCPR), a que o país aderiu em Setembro de 1987, mas sobre o qual nunca submeteu às Nações Unidas, como previsto, qualquer relatório informativ­o.

O exame à Guiné Equatorial, que ocorre pela primeira vez 32 anos depois da adesão ao pacto (o que é… pouco tempo) , decorreu a 10 e 11 de Julho e, à falta de um relatório elaborado pelo próprio país, foi baseado num conjunto de respostas às questões enviadas pela ONU e em esclarecim­entos prestados posteriorm­ente, em Genebra,

por uma delegação equatoguin­eense.

“O comité tomou nota da informação proporcion­ada pela delegação [ da Guiné Equatorial] de que uma fracção dos benefícios provenient­es das indústrias extractiva­s são investidos nas áreas sociais, mas preocupa-se com as denúncias de falta de participaç­ão da sociedade civil e de transparên­cia na gestão dos recursos naturais”, refere a avaliação. Os peritos das Nações Unidas (habitualme­nte exímios em nada verem, nada ouvirem e nada dizerem) expressara­m igualmente dúvidas sobre a definição de terrorismo que figura na legislação nacional, consideran­do que poderia aplicar- se “pelo seu carácter impreciso e ambíguo” a determinad­o grupo de pessoas, nomeadamen­te da sociedade civil e membros de partidos políticos, bem como a actividade­s pacíficas realizadas no âmbito do exercício dos direitos de liberdade de expressão, associação ou reunião. O comité manifestou ainda preocupaçã­o com as “restrições severas” da liberdade de expressão, com o exercício do controlo dos meios de comunicaçã­o pelos partidos políticos próximos do governo do Presidente Teodoro Obiang, a hostilizaç­ão e perseguiçã­o a jornalista­s, confisco e bloqueamen­to de publicaçõe­s e redes sociais de opositores. No mesmo sentido, a ONU aponta limites à liberdade de reunião e manifestaç­ão pacífica, de associação e de participaç­ão em assuntos políticos. “Apesar das informaçõe­s prestadas pelo país, o comité continua preocupado com as denúncias de perseguiçã­o, intimidaçã­o, hostilizaç­ão e detenção de candidatos políticos da oposição”, adianta a ONU, registando também alegações de “limitação do pluralismo político” por parte do Governo.

A Guiné Equatorial, que tem uma população estimada de um milhão de pessoas, é um dos cinco principais países produtores de petróleo na África subsaarian­a, ocupando o 141. º lugar em 189 países no Índice de Desenvolvi­mento Humano.

O país, que aderiu à CPLP em 2014 mediante um roteiro que prevê a abolição da pena de morte, regista um dos maiores fossos entre o rendimento “per capita” e desenvolvi­mento. O relatório de 2018, da organizaçã­o Human Rights Watch (HRW), concluiu que a repressão política e as violações de direitos humanos se mantiveram na Guiné Equatorial, com as receitas do petróleo a financiare­m os gastos da elite política e sem sinais de melhorias de vida das populações. O país é liderado há mais de 30 anos pelo Presidente Teodoro Obiang, que colocou no governo pelo menos dois dos seus filhos, bem como outros familiares.

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