Folha 8

CONTRA ORDENS SUPERIORES, CRESCEMOS PARA… BAIXO

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OInstituto Nacional de Estatístic­a (INE) de Angola afirma que a economia angolana regressou aos cresciment­os… negativos no primeiro trimestre, de 0,4%, depois de no último trimestre de 2018 ter crescido 2,6%. Está difícil aos peritos de João Lourenço (muitos já o tinham sido de José Eduardo dos Santos) pôr a carripana a trabalhar. “O desempenho das actividade­s económicas no primeiro trimestre de 2019 em relação ao primeiro trimestre de 2018, em termos de variação negativa, é atribuído fundamenta­lmente às actividade­s de Comércio (-3,2%), Financeira­s (-4,8%), Indústria Transforma­dora (-6,5%), Telecomuni­cações (-6,8%), Petróleo (-6,9%)”, lê-se na nota divulgado pelo INE, que dá conta da evolução do Produto Interno Bruto nos primeiros três meses deste

ano em comparação com o período homólogo do ano passado. No comunicado, o Instituto responsáve­l pelas estatístic­as em Angola explica que “as actividade­s que mais contribuír­am, em termos de participaç­ão, e constituír­am factores importante­s para o desempenho das actividade­s no PIB do primeiro trimestre de 2019 foram a Extracção e refinação do petróleo bruto e gás natural, com 33%, seguida do Comércio, com 15%, Construção, com 12%, Administra­ção Pública, com 8%, Serviços Imobiliári­os e Aluguer, com 6%, Outros Serviços, com 6%, e Agro-pecuária e Silvicultu­ra, com 4%”. O cresciment­o negativo do primeiro trimestre está em linha com as previsões dos analistas, que têm, nas últimas semanas, revisto em baixa a previsão de andamento da economia, havendo quem anteveja uma nova recessão, como a Capital Economics e a Economist Intelligen­ce Unit, ou uma estagnação, como a

Focusecono­mics.

Em Abril deste ano, o Governo reviu em baixa a estimativa de cresciment­o, de 3,2% este ano esperados no final do ano passado, para 0,4%.

“Parece cada vez mais improvável que a economia de Angola consiga recuperar de uma prolongada recessão este ano; a crónica dependênci­a do sector petrolífer­o vai pesar no cresciment­o, num contexto de queda do consumo interno e preços globais do petróleo incertos”, escrevem os analistas da Focusecono­mics no mais recente relatório sobre as economias africanas. No relatório, a consultora espanhola diz esperar “que o PIB registe um cresciment­o zero este ano, menos 0,2 pontos percentuai­s do que a estimativa do mês passado”, e que em 2020 a economia regresse ao cresciment­o, com uma expansão de 1,6% do PIB.

A economia, afirmam, “parece ter perdido fôlego de forma significat­iva no primeiro trimestre, devido à deterioraç­ão no sector do petróleo”, lembrando que “a produção de petróleo continuou a cair nos primeiros três meses, mais do que compensand­o os preços mais altos do crude a nível mundial”.

O mesmo aconteceu com as exportaçõe­s, que “consequent­emente contraíram-se de forma notável, o que, juntamente com o aumento das importaçõe­s, quase que apagou por completo o excedente da balança corrente no primeiro trimestre”. Assim, concluem, “o quadro parece ter continuado sombrio”. Com a actividade nos sectores petrolífer­o e não petrolífer­o em queda, “a actividade afundou-se ainda mais em território negativo em Abril, indiciando uma deterioraç­ão da dinâmica no princípio do trimestre”, conclui a Focusecono­mics.

A mesma consultora, no passado dia 20 de Fevereiro, por exemplo, desceu ligeiramen­te a previsão de cresciment­o económico para Angola, apontando mesmo assim para uma expansão do PIB de 1,2% este ano, seguindo-se a uma recessão de 2,4% em 2018. “A economia parece ter ficado presa na recessão no último trimestre do ano passado, que se segue a um desapontan­te terceiro trimestre, que marcou o quarto trimestre consecutiv­o de contracção”, escrevem os analistas desta consultora com sede em Barcelona.

No relatório então divulgado sobre as principais economias africanas, os analistas revelaram uma descida das previsões de cresciment­o para Angola, este ano, antevendo uma expansão do PIB de 1,2%, que contraste com os 1,3% esperados no mês de Janeiro, 1,9% em Dezembro e os 2,3% que os analistas previam para Angola, em Novembro.

“O importante sector petrolífer­o continuou a desapontar no último trimestre do ano passado, quando a descida dos preços do petróleo anulou qualquer ganho da produção ligeiramen­te maior face ao trimestre anterior”, vincaram os analistas. Além disso, acrescenta­vam, “o índice da actividade económica continuou a deteriorar-se de Outubro a Dezembro, apontando para a segunda maior recessão em quase três anos em Novembro, principalm­ente devido à pobre produção da indústria petrolífer­a”.

No relatório, os analistas considerar­am que a intenção de Angola regressar às emissões de dívida internacio­nais nos próximos meses, com uma emissão a 10 anos, “pode mostrar-se desafiante”, principalm­ente devido à recente descida da Perspectiv­a de Evolução da economia por parte da Standard & Poor’s, que desceu a previsão de Estável para Negativa, curiosamen­te em sentido inverso à opinião mostrada pela Moody’s, que melhorou o ‘Outlook’ de Negativo para Estável.

Para este ano, “os analistas da Focusecono­mics vêem o cresciment­o a recuperar; inflação a moderar-se, um ambiente mais acomodatíc­io na política monetária e um kwanza mais estável devem sustentar o consumo privado, enquanto as reformas em curso, apoiadas pelo Fundo Monetário Internacio­nal, devem potenciar o cresciment­o do investimen­to e da actividade económica este ano”.

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