Folha 8

O NOVEL DON CORLEONE TEM SALTOS ALTOS

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Na passada segunda-feira (22), no decorrer de um encontro com Imram Khan, primeiro-ministro do Paquistão, Donald Trump disse que não quer matar “dez milhões de pessoas numa semana”, caso declarasse guerra ao Afeganistã­o. E mostrou o bastão. “Eu poderia vencer essa guerra numa semana. Só não quero matar dez milhões de pessoas. Se eu quisesse vencer essa guerra, o Afeganistã­o desapareci­a da face da Terra e estava acabado em, literalmen­te, dez dias. Não quero ir por esse caminho”, declarou o Presidente americano, dando a lembrar que as relações entre os dois países tinham esfriado desde o ano de 2018.

Tudo começou no primeiro dia de 2018, quando o chefe da Casa Branca disse que os Yankees iam deixar de ajudar financeira­mente o país de Imran Khan. “Demos ao Paquistão mais de 33 mil milhões de dólares em ajuda nos últimos 15 anos e eles só nos deram mentiras de volta, pensando como se os nossos líderes fossem idiotas”, escreveu Trump nessa altura no Twitter. No encontro desta segunda-feira, o líder dos Estados Unidos mostrou a “cenoura”. Entre outros iscos lançados a Imran Khan, disse que o financiame­nto podia voltar, pois estava a considerar pagar ao Paquistão os 1.3 mil milhões de dólares da velha ajuda, que tinha sido cancelada no ano passado.

“O problema é que o Paquistão não estava a fazer nada por nós. Era uma situação subversiva. Para ser honesto, acho que temos agora uma relação melhor do que quando estávamos a pagar esse dinheiro. Esse dinheiro pode agora voltar”, prometeu o Presidente norte-americano. “O caminho para uma relação forte e duradoura entre o Paquistão e os Estados Unidos assenta num trabalho comum para encontrar uma solução pacífica para o conflito no Afeganistã­o”, acrescento­u em abono desta decisão um comunicado oficial da Casa Branca citado pelo The Guardian.

Toda e qualquer semelhança com os famigerado­s métodos da “Máfia” italiana não é pura coincidênc­ia. Nesta relação de Estado para Estado as suas palavras configuram uma ameaça de declaração não de morte, mas de guerra, o que vem dar ao mesmo, mera imitação da maneira de actuar de Don Corleone, «Temos uma boa proposta que você não pode recusar».

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