QUEM ESTÁ A REPRESENTAR OS JOVENS DA PROVÍNCIA DO CUNENE?
A cidade de Luanda acolhe, de 24 a 28 de Julho, a nona Bienal dos Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Durante quatro dias, jovens representantes de países da comunidade lusófona expõem peças que compõem o acervo cultural do seu povo, nas diferentes modalidades artísticas. A Bienal de Jovens Criadores da CPLP é um evento relevante por contribuir para o reforço do processo de integração da juventude, aproximação, intercâmbio e debate entre as diferentes identidades culturais e artísticas.
Não podemos continuar a ser últimos na corrida de agregação de valores; na aquisição de conhecimentos; na discussão de problemas e soluções que afectam directamente o desenvolvimento dos jovens nem ser os que bebem e comem as sobras das festas. Muito menos os que recebem os documentos na curva do tempo, ou seja, pelo menos tem sido o discurso passado. Por isso, entendemos que é o momento, quer as instituições que representam o Estado e as diferentes forças estruturantes da sociedade maximizem os esforços para que se adopte uma nova, outra e melhor, postura relativamente à participação dos jovens em certames e discussões sobre a vida dos jovens. O associativismo cultural na província do Cunene ganhou novos agentes, daí que se deve evitar ao máximo as representações por indicações de conveniência. Longe da pretensão de sermos os detractores do trabalho que se espera ser concreto, inclusivo e extensivo, até aqui preconizado, entendemos que a Direcção Provincial Da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos do Cunene deve redireccionar e redefinir as suas acções em prol de políticas mais objectivas, mais assertivas para uma participação mais proactivas da juventude do Cunene, quer encontros provinciais, nacionais e internacionais, para que não sejamos os meros mudos dos eventos. Hoje, o paradigma socioinstitucional exige e pede mais comunicação entre a Insti
tuição Estado e a Instituição Sociedade. Sobretudo diálogo, franco e honesto, para que se evitem leituras secundárias e segregações nas acções desenvolvidas por todos. Falamos concretamente, de uma relação que não deveras ser de contratante e contratado mas de parceiros e de reconhecimento de facto.
Há muito que Era do discurso de que tudo vai bem e das incongruências institucionais tem sido extinta, mas de certeza que há os resistentes, os apoiantes de acções que os beneficiam. Contudo, nessa nova etapa do país, não se entende a incoerência de não ter havido um encontro [prévio] para que se discutisse a participação dos jovens criadores da província, na IX Bienal de Jovens Criadores da CPLP, num evento de tamanha importância para o desenvolvimento e crescimento, quer intelectual, quer cultural dos referidos jovens.
A retórica que não se quer calar, nem por um segundo, prende-se em saber, por parte da Direcção Provincial Da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, quais os critérios na selecção de jovens artistas e cultores das artes para representar a província do Cunene na referida IX Bienal. Teimo em aceitar que os diferentes segmentos que com esforço próprio, heroísmo de seus membros e parceiros que muito têm feito, com o pouco, perderam a grandiosa oportunidade de acrescentar valores e valências naquele que é um dos maiores eventos de jovens da CPLP.
*Escritor e crítico literário