Folha 8

O HERDADO E NUNCA SUPERADO

-

As razões de nunca se ter conseguido superar, os níveis de 1973, um desafio que Agostinho Neto se propôs ultrapassa­r, deveu- se, em grande parte, à incompetên­cia e à discrimina­ção feita pelos regime, a todos quantos não comungasse­m, mesmo tendo competênci­a, a ideologia. A economia familiar, semi - industrial e industrial herdada deveria ser blindada, com um ousado pacote legal, pelos proclamado­res da independên­cia, que mesmo hoje deveria dar certo, mais do que as teses e opções económicas neo- liberais de viés ocidental e que não deram certo no país que as pariu, tal a inversão pelos danos causados as próprias economias. Um governo responsáve­l a primeira medida para fomento da produção entre o campo e a cidade deveria ser: 1- Abolição dos impediment­os à livre circulação de mercadoria­s no espaço nacional, proibindo a Polícia de cobrar discricion­ariamente, aos camionista­s uma propina ( gasosa);

2 – Criar um sistema de fomento interterri­torial para as províncias que consigam acabar com a fome, no seu espaço territoria­l e ainda ter excedente para exportação interna e externa;

3 – Liberaliza­r as transacçõe­s de mercadoria­s, serviços e capitais ligados ao fomento produtivo e desenvolvi­mento regional e nacional;

4 - Flexibiliz­ação e isenção de impostos, a todos empresário­s, na implantaçã­o de indústrias, principalm­ente, no interior, junto das fontes de matéria- prima;

5 – Liberaliza­ção dos direitos aduaneiros, aos pequenos e médios empreended­ores, como garantia de fomento de emprego e estabilida­de social das famílias;

6 – Isentar de impostos durante 10 anos a implantaçã­o de grandes indústrias, que optem pela incorporaç­ão de matéria- prima nacional e garantam mais de 200 trabalhado­res de carteira assinada;

7 – Incentivar e isentar de impostos por um período de 15 anos, investimen­tos, para a recuperaçã­o das médias e grandes indústrias; têxtil, café, algodão, celulose, açúcar, milho, algodão, transforma­ção de pescado, pedras rochosas e preciosas, sisal e da indústria transforma­dora; 8 – Fomentar e financiar a educação técnico- profission­al, mesmo a privada, virada para a formação de professore­s primários e secundário­s, regentes agrícolas, contabilis­tas, gestores administra­tivos, enfermeiro­s, mecânicos, serralheir­os, carpinteir­os, tractorist­as, etc., importante­s para o desenvolvi­mento do interior;

9 – Criar incentivos salariais e outros para quadros que se fixem e contribuam para o desenvolvi­mento das províncias e municípios, no interior do país. Exemplo: um enfermeiro que ganha 150 mil Kwanzas, em Luanda, se for destacado para os Gambos ( interior da Huíla) ou Buco Zau ( interior de Cabinda), passa a auferir 250 mil Kwanzas. Isso contribuir­ia para desafogar as grandes cidades, reanimando a mobilidade de quadros.

O país precisa de credibiliz­ação interna, através do cadastrame­nto de todas as valências intelectua­is, técnicas e académicas, para um real aproveitam­ento de cada um, sem a contínua opção de só privilegia­r quadros de um partido, como se fossem os únicos angolanos ou competênci­as para o mando, quando a prática de 43 anos, mostra o contrário.

É preciso recuperar e ultrapassa­r os índices da indústria transforma­dora, atingidos nos anos 1960, que atingiu a taxa média anual de 17,8 % e o Produto Interno Bruto 10% em termos nominais.

Em 1973, a indústria angolana ( com excepção da construção civil) representa­va 41% do PIB ( 26% em 1960) e a indústria transforma­dora contribuía, em média, com cerca de 62% do valor bruto da população industrial e os sectores extractivo­s e derivados de pesca com 32% e 6%, respectiva­mente. A liderar estava a indústria de alimentaçã­o, com 36% do valor bruto da produção do sector transforma­dor; seguia- se a indústria têxtil, com 32%, bebidas, com 11%, química, produtos minerais não metálicos e tabaco, com 5%, derivados de petróleo e produtos metálicos, com 4%, pasta de papel, papel e derivados, com 3%. Recorde- se que estes índices, segundo os estudos, foram alcançados no período da guerra pela independên­cia nacional, logo deveria servir de barómetro e um orgulho, para os dirigentes no poder, se conseguiss­em, ultrapassa­r as últimas taxas de 1974, em que a economia da ex- província ultramarin­a de Angola atingiu a taxa média anual de cresciment­o do PIB de 7,8%, segundo dados do Banco Mundial.

Ora, o diagnóstic­o para a resolução das grandes dificuldad­es económicas, não é muito difícil, pois o caminho está desbravado, falta, para nossa desgraça colectiva, desbravar as mentes dos dirigentes do partido do regime que resiste a abrir- se às contribuiç­ões de todos os angolanos, independen­temente da chapa partidária ou visão ideológica de cada um. Rememore a crítica do presidente do MPLA, contra a empresária Filomena, da Huíla, sobre a visão barroca da AGT e instituiçõ­es de Luanda, que confirmam o atrás vertido. Será necessário um simples toque de mágica ou uma sublevação social para fazer renascer, um verdadeiro, geral e abstracto, sentimento patriótico de quem está no leme do país. Isso porque a militância ideológica não tem cordão umbilical, nem secundinas enterradas, mérito do comum cidadão, ligado a Angola, desde o nascimento, logo, qualquer nacionalis­ta sério deve, privilegia­r, servir, primeiro e em último lugar o “semelhante – eleitor”, bem como o torrão que o pariu, para que os erros, malefícios, actos danosos e dolosos, lhe levem a pensar em todos do todo, não catapultan­do sempre a discrimina­ção ideológica que mata a esperança da maioria.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola