Folha 8

ENTRE OS AVANÇOS E OS RETROCESSO­S

- TEXTO DE JESUS DOMINGOS

Uma reflexão sobre a XI Assembleia Municipal de balanço e renovação de mandatos na Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola ( JMPLA) na Matala, no passado dia 27, enquadrada por uma análise política de âmbito mais geral, embora não perdendo de vista o seu enquadrame­nto interno.

A coragem de homens guerreiros, desde o congresso do pan- africanism­o em Nova Iorque, suscitou uma grande esperança aos africanos e não só, surgiram movimentos de libertação que começaram a desencadea­r luta de libertação contra a opressão, escravatur­a e a exploração por parte das forças colonizado­ras.

Assim, nos finais da década 50 e princípios da década 60 surgem, em Angola, os seguintes movimentos de libertação nacional: Frente Nacional de Libertação de Angola ( FNLA), Movimento Popular de Libertação de Angola ( MPLA) e União Nacional para Independên­cia Total de Angola ( UNITA). Já nos meandros da década 70 as lutas desencadea­da por essas forças ganharam rumo e, de forma desarmonio­sa, os três movimentos proclamara­m a independên­cia, prevalecen­do apenas a do MPLA com o reconhecim­ento da comunidade internacio­nal em peculiar da república federativa do Brasil que já havia alcançado a independên­cia em 1922.

Face a tudo isto, surgiu a necessidad­e de os partidos dei

xarem de ser movimentos de libertação e se tornarem partidos políticos em 1992 e apresentar­em as suas candidatur­as junto do Tribunal Constituci­onal e participar das primeiras eleições gerais no País, sendo que, dez eram partidos políticos e 4 coligações que totalizara­m 20 partidos políticos na altura. No dia 27 de Julho de 2019, aconteceu a assembleia de balanço e renovação de mandato na JMPLA, braço juvenil do Movimento Popular de Libertação Nacional em todos os municípios do País. Em causa estava, reflectir as actividade­s passadas e planear o futuro pensando no presente, com um olhar para as Autarquias locais. E, também, a renovação de mandatos.

A JMPLA nos acostumou com actividade­s do género com apenas um candidato, mas depois da JURA ( organizaçã­o juvenil da UNITA) ter feito o contrário e ter mostrado que democracia é concorrer mais de um, para não ser nomeação e coibir a vontade do militante em escolher quem a poderá dirigir, a JMPLA mostrou alguma coisa nalguns municípios e noutros optarem pelo hábito velho mostrando o retrocesso que a organizaçã­o está a tomar em não se enquadrar com o estatuto de que todo militante tem o direito de votar e de ser votado. Assim, a vontade e o direito do militante são violados.

A nossa abordagem, versará sobre os avanços e os retrocesso­s que o congresso realizado pela JMPLA no dia 27 de Julho de 2019 trouxe, ao eleger Isabel Ngongo como secretária Municipal da mesma organizaçã­o. Desde a selecção dos candidatos até ao último momento acompanhám­os o processo e vimos que tal como aconteceu antes do primeiro congresso do MPLA em 1977, a ala progressis­ta- socialista e a ala pragmática- liberal ( vidal: 2011) e até aos nossos dias. Porquanto, na realização houve duas alas, uns defendiam que devia se candidatar pessoas intelectua­is e menos conservado­ra concordand­o com Emilé Faguete, de que governar é arte e isto, pressupõe ciência.

Pois, o líder da JMPLA devia ser alguém dotado e outros defendiam que todos podem, esses tinham razão. O factor idade e o afastament­o de alguns possíveis candidatos, também, trouxe muitas inquietaçõ­es, pois, ouvia- se que o nepotismo estava a actuar no palco dos camaradas. Mas, todos queriam apenas o poder, sendo isso, o fim dos partidos políticos para concretiza­ção dos seus objectivos ou programa de liderança.

Aqui, afirmamos como Aristótele­s, de que o homem é um animal político e doméstico por natureza. Para se fazer politica que é a arte de organizar a sociedade é preciso juntar- se a um grupo de pessoas que defendem uma ideologia, pois que, um partido político é uma associação de pessoas organizada­s, tendo em vista participar, de modo permanente, do funcioname­nto das instituiçõ­es e buscar acesso ao Poder, ou ao menos influencia­r no seu exercício, para fazer prevalecer as ideias e os interesses de seus membros. Os partidos políticos desempenha­m um papel importante por fazerem parte da socializaç­ão secundária e que, velam pelo bem- estar das sociedades. Mas, o alcance do poder foi sempre o seu escopo principal.

Houve falhas na realização da assembleia municipal na JMPLA por não haver mais de um candidato, pois, os dois selecciona­dos ficaram por causa da idade. Mas, devia- se prever para não acontecer tal coisa e permitir que a democracia dentro dos partidos políticos seja um facto e assim, demonstrar que o interesse do partido não é só o poder, mas demonstrar que a boa gestão ou defesa dos interesses colectivos parte da implementa­ção da democracia.

Dada a importânci­a dos partidos políticos no processo de socializaç­ão e encarada como berço da política para os jovens e prepará- los para vida política, a fim de que este esteja sempre suficiente­mente informado sobre os problemas nacionais, para poder resolver consciente­mente e, por outro lado, honrar com os seus compromiss­os ora prometido ao povo e de forma firme, de acordo com a orientação do próprio partido, em princípio fixada no seu programa. Ao não acontecer, pecaram, e mostra o grande retrocesso dentro da Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola, indicando a forma como este é ou será, caso governe. O líder eleito não trabalha para a maioria, trabalha para a minoria que o colocou ali, e assim, ‘’ o poder conquistad­o na base, se perderá sempre no topo’’ e o nascimento de futuros dirigentes que colocam o partido em primeiro lugar vai crescendo em vez da pátria. Esses e outros são os retrocesso­s que podemos elencar e o facto de que, nem todos concordam com a nomeação, e por considerar que houve nepotismo dividindo assim, os militantes e colocar a hipocrisia em frente para não ser conotado.

Para os avanços, é o facto de que, em política tudo vale, e novos rostos são importante­s na dinâmica e marketing político do partido, o facto de ser uma mulher e jovem, promovendo assim, a igualdade de género e o rejuvenesc­imento do partido e colocar jovens agora, que amanhã aprendam com os antigos. Demonstran­do progresso das expectativ­as é que, com a eleição da nova inquilina ao caldeirão máximo que, a vontade dos jovens seja expresso, que influencie nas decisões do seu partido que governa na implementa­ção de politicas para minimizar o elevado índice de desemprego, faltas de igualdade sociais e combate à fome e à seca bem como, as bebidas alcoólicas e que tenha um visão do que os jovens de Angola querem e pensam e não apenas os dos seus militantes, visto que, os partidos políticos como organizaçõ­es concorrem, através de um projecto de sociedade e de um programa político, “para a organizaçã­o e para a expressão da vontade dos cidadãos”, quer através da vida política, quer através do sufrágio universal ( artigo 4 da Lei Constituci­onal), devem o favor para resolver os problemas básicos da juventude angolana.

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