O NEGÓCIO DA LAVA JATO COM A INDÚSTRIA DA ANTICORRUPÇÃO
Assim que cair a ficha da opinião pública, se constatará que o maior assalto cometido contra a Petrobras – em termos de valores – não foi o das empreiteiras, mas da Lava Jato em cumplicidade com a direcção do órgão indicada por Michel Temer (antigo Presidente da República). O jogo já está desvendado. O Procurador Geral da República Rodrigo Janot vai aos Estados Unidos com a equipe da Lava Jato entregar provas contra a Petrobras ao Departamento de Justiça (DOJ) americano. Com essa manobra, tiraram a Petrobras da condição de vítima, para a de ré. Alertei, na época, que essa jogada ainda irá levar Janot a um tribunal civil, para que responda pelo crime de lesa-pátria. Na nova condição, a Petróbras ficou exposta não apenas a multas bilionárias, como impedida de actuar em novos mercados, vetados pelos Estados Unidos. O dinheiro da multa foi dividido com a Lava Jato, que efectivamente recebeu e depositou em uma agência da Caixa Económica Federal aguardando a criação
da tal fundação destinada a bancar campanhas, palestras e cursos sobre compliance. Os principais integrantes da Lava Jato montaram empresas de evento ou se aposentaram para montar escritórios de advocacia especializados em compliance. Dentre eles, o EX-PGR Rodrigo Janot, a esposa do exjuiz Sérgio Moro, os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima, Deltan Dallagnol e Roberto Pozzobon. Ao mesmo tempo, a parceria com a nova diretoria da Petrobras abriu espaço para a contratação milionária de escritórios de advocacia americano para trabalhos de compliance, não apenas na Petróbras como na Eletróbras, por centenas de milhões de dólares. A principal beneficiária da indústria do compliance é Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). Coube a ela ser a interface da Petróbras com a Lava Jato. Nessa condição, procurou pessoalmente a Procuradora Geral da República Raquel Dodge, tentando incluir no acordo um edifício da Petrobras em Curitiba – o escritório da Liquigás – para abrigar a Lava Jato. Dodge negou peremptoriamente autorização para a jogada.
No momento, Dodge se empenha em lutar, junto à Justiça americana, para que a Petrobras seja reconhecida como vítima, não como autora. Provavelmente no dossier The Intercept haverá menções a autoridades na activa que impulsionaram os escritórios dos quais se licenciaram na indústria do compliance ou das grandes causas.
Aliás, pelo bem da transparência pública, os Ministros Luiz Edson Fachin e Luis Roberto Barroso deveriam abrir informações sobre a carteira de clientes de seus escritórios que ficaram em nome de familiares.
Antes de ser nomeado para o STF e se tornado um juiz vingador, Fachin tinha um escritório acanhado que rapidamente cresceu a ponto de se tornar um dos maiores do Paraná. Barroso e Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato do Rio, chegaram a ir aos Estados Unidos, em uma turnê sobre compliance, visitando grandes escritórios de advocacia interessados em entrar no mercado brasileiro.
*Editor do Blog Ggn/brasil