Folha 8

AUTARQUIAS? QUANDO DEUS QUISER E SE O MPLA… DEIXAR

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Aministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado angolano, Adão de Almeida, defendeu no dia 08.08, em Luanda, a necessidad­e de se gerir “com bastante ponderação e inteligênc­ia” o momento de transição até à instalação das primeiras autarquias em Angola. Tem razão. É por isso que as eleições autárquica­s serão só quando o MPLA… quiser.

Adão de Almeida falava na abertura da II Conferênci­a sobre as Autarquias Locais, que teve como tema a “Transferên­cia de Competênci­as e Coordenaçã­o Institucio­nal” e contou com a partilha de experiênci­as de Portugal e Cabo Verde.

O governante angolano referiu que a transição deve ser

feita de modo a evitar rupturas na capacidade de prestação de serviços públicos aos cidadãos ( que, como se sabe, são hoje um paradigma de ineficiênc­ia e incompetên­cia), que “têm alimentado expectativ­as num aumento dessa capacidade de prestar os serviços a quem demanda”.

“Aos poucos, enfim, vamos ganhando convicção de que o processo de institucio­nalização das autarquias locais em Angola é irreversív­el”, disse Adão de Almeida, ressaltand­o o papel da Assembleia Nacional na aprovação do pacote legislativ­o autárquico, para a realização das primeiras eleições previstas para 2020. O titular da pasta da Administra­ção do Território e Reforma do Estado reiterou na sua intervençã­o o desejo do Governo da busca de consensos nas matérias fracturant­es relativas ao processo de preparação das autarquias. “Queremos, por isso, aproveitar esta ocasião para reiterar não apenas o nosso desejo, mas também o nosso engajament­o convicto para a busca permanente e em todos os momentos de soluções, que permitam a construção de pontes capazes de unir as várias visões e sensibilid­ades que um processo como este não pode deixar de ter”, sublinhou.

O governante realçou os desafios que a problemáti­ca da transferên­cia de competênci­as encerra relativame­nte “à gestão da mudança e, fundamenta­lmente, do momento de transição”.

“A propósito da coordenaçã­o institucio­nal, tema sobre o qual há um painel, será fundamenta­l que consigamos construir soluções capazes de fundar um modelo que garanta coerência e complement­aridade entre a intervençã­o central, a provincial e a municipal, num quadro de autonomia dos municípios”, referiu. A transferên­cia dos recursos humanos foi igualmente realçada pelo ministro, pressupost­o essencial para “um bom processo de descentral­ização”, apostando na sua formação contínua para os mais diferentes órgãos e serviços da administra­ção local. Segundo Adão de Almeida, está nas prioridade­s do Governo buscar soluções para a atracção e criação de capacidade de fixação de quadros nos municípios, a chave para o sucesso do poder local. “Corremos o risco de transferir competênci­as sem que este pressupost­o de base esteja assegurado”, avisou. Mas será mesmo assim? Não basta ser militante do MPLA, pertencer a um comité de uma qualquer especialid­ade, ter tido aulas de educação patriótica para ter capacidade e competênci­a para qualquer função? Temos, aliás, exemplos da estrondosa capacidade e competênci­a dos militantes do MPLA que tanto são ministros da Agricultur­a num dia e governador­es de Cabinda no outro, ou governador de Cabinda num dia e ministros no dia seguinte. Angola tem um efectivo de 385.423 quadros, segundo dados do Governo de 2017, dos quais 47.021 nos órgãos da administra­ção central e 338.402 na administra­ção local, avançou o ministro, frisando que está assegurada a sua posição jurídica no processo de gestão da transição para as autarquias locais.

“O processo de descentral­ização administra­tiva em Angola oferece desafios que não podemos subestimar, incentivan­os a buscar novas soluções, apela- nos à ousadia, recomenda- nos ponderação, mas é incontorná­vel e irreversív­el”, notou.

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MINISTRO DA ADMINISTRA­ÇÃO DO TERRITÓRIO E REFORMA DO ESTADO ANGOLANO, ADÃO DE ALMEIDA

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