PRA-JA, LAGOSTA EM LUANDA OU MANDIOCA NO BAILUNDO?
Por acreditar no mensageiro e respeitar a mensagem, impõe-se que pergunte a Abel Chivukuvuku, hoje, aqui e agora, a propósito da formação do Partido do Renascimento Angolano – Juntos por Angola (PRA-JA), se aceita (a contrário dos tempos da – sua – CASA-CE) ser salvo pela crítica ou assassinado pelo elogio? Se é a ética que deve dirigir a política? Se as batalhas ganham-se ou perdem-se por causa dos generais ou por causa dos soldados? Se o importante são os que estão na primeira fila (para serem vistos) ou os que estão na última (para verem)?
O PRA-JA pode ser uma alternativa. É claro que, como dizia o Presidente Jonas Savimbi (e Abel Chivukuvuku ouviu-o dizer isso muitas vezes), só é derrotado quem deixa de lutar. Será, por isso, legítimo esperar que o PRA-JA vá lutar não pelas lagostas (como a UNITA ou a CASA-CE) mas pela mandioca. Estarei enganado?
A luta, a luta necessária em
prol do povo angolano, não se faz contra travessas cheias de lagosta. Faz-se junto dos que, com alguma sorte, encontram mandioca nas lavras. Abel Chivukuvuku sabe disso (Isaías Samakuva também sabe mas…).
Todos sabemos que haverá sempre fraude, manipulação e outros estratagemas por parte do MPLA. Sempre assim foi. Sempre assim será enquanto for ele o partido único neste regime dito multipartidário. E se durante a guerra não foi possível pensar nisso, os últimos 17 anos de paz deram, deveriam ter dado, tempo para que a UNITA primeiro e a CASA-CE depois se preparassem para o que já se sabe que irá repetir-se. Não se preparam. Como será com o PRA-JA? E, mais uma vez, o exemplo deve partir de cima. Não basta que Abel Chivukuvuku volte a assumir a responsabilidade política pelas derrotas. Até porque ele não será derrotado. Derrotados serão os angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem, pouco depois com… fome. Ele deve dar o exemplo. Exemplo de quem escolhe a competência e não a subserviência. Aliás, se o PRA-JA responsabilizar quem falhar, por muita honestidade que tenha posto na luta, estará a dar um bom exemplo aos angolanos para que estes percebam que, afinal, existe uma substancial diferença entre a democracia que o PRA-JA defende e a que é imposta pelo MPLA.
E se o PRA-JA quer ser diferentes (para muito melhor, entenda-se) do que o MPLA, não pode usar a máxima “olhai para o que dizemos e não para o que fazemos”. Não pode inundar as listas de candidatos às eleições com a família e, ao mesmo tempo, acusar do MPLA de privilegiar os familiares dos seus dirigentes. Importa igualmente recordar agora, e mais uma vez, que Chivukuvuku afastou (mesmo que tenha sido por omissão) da direcção do seu anterior partido quadros que constituíam não só mas também a nata da sociedade angolana. A tendência para substituir a competência pela subserviência é sempre sinónimo de desastre. Muitas vezes de catástrofe.
A última campanha eleitoral revelou a aposta em gente de boa vontade mas de nula competência ou experiência. No caso da CASA-CE, ver Justino Pinto de Andrade atrás da esposa de Abel Chivukuvuku e até de Lindo Bernardo Tito é mais ou menos como querer caçar elefantes com uma fisga. Será diferente com o PRA-JA? Anteriormente Abel Chivukuvuku esqueceu-se, ou deramlhe informações erradas, que a competência ou a experiência não se conseguem por decreto nem são resultado de laços familiares ou de índices de bajulação.
Farto de ver a UNITA a autodestruir-se, Abel Chivukuvuku partiu para outra luta, liderando a CASA-CE. Fê-lo porque entendeu que a UNITA não era uma força com a necessária dinâmica de vitória para enfrentar o MPLA. E tinha razão. Mas, afinal, cometeu os mesmos erros para gáudio dos seus adversários, nomeadamente do MPLA. Será o PRAJA diferente?
A seriedade, honestidade e patriotismo de Abel Chivukuvuku não são suficientes para lutar contra uma máquina que está no poder em Angola desde 1975. Chivukuvuku poderá lá chegar se, a partir dos exemplos do seu passado, não preferir as ideias de Poder em vez do poder das ideias. “Depois de ter avaliado o contexto que Angola vive – em que não está claramente visível que hoje somos uma alternativa ganhadora – e consultado vários colegas de direcção do partido e militantes, tomei a decisão consciente de candidatar-me com um único propósito: fazer da UNITA uma efectiva alternativa que possa ganhar as eleições em 2008 e instaurar em Angola um modelo positivo de governação”, afirmou em Janeiro de 2007 Abel Chivukuvuku.
Não ganhou a liderança da UNITA e formou o seu próprio partido. Nele ( CASA- CE) foi apunhalado pelas costas. Foi claramente um líder rodeado da fariseus que o elogiavam e abraçavam pela frente mas que o criticavam e apunhalavam pelas costas. Acomodou- se. Perdeu e, mais do que isso, correu o sério risco de ser politicamente humilhado. Quando isso aconteceu viu que o exército dos seus supostos amigos… deixara de existir.