OPOSIÇÃO RESIGNADA OU SEM ESTRATÉGIA
Em 2019 tudo está na mesma. A Oposição continua a ser liderada por gente séria, honesta e patriota mas que não consegue pôr o país a mexer. Ao PRA-JA cabe o papel de não temer dizer as verdades que os angolanos querem ouvir, não temer dizer quais são as soluções necessárias para que Angola deixe de ser apenas o reino esclavagista do MPLA.
“Por norma eu não entro em coisas que não têm pernas para andar. E se as pessoas me viram a anunciar que sou candidato é porque houve um tempo de maturação, houve um tempo de análise, houve um tempo de estudo, houve um tempo de consulta, houve um tempo de preparação”, dizia há 12 anos Abel Chivukuvuku.
Em caso de vitória nas eleições de 2017 e enquanto presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku prometeu construir uma cadeia exclusiva para gestores públicos do Governo, no quadro de um plano anticorrupção. Como líder do PRA-JA vai manter essa tese?
O anúncio foi feito em Benguela, onde Abel Chivukuvuku falou de pobreza e das políticas públicas. Antes de avançar para a construção da cadeia, prometeu melhorar a situação social do trabalhador angolano. Abel Chivukuvuku deixou claro que a situação de pobreza, que atinge 60 por cento da população, mereceria destaque no seu programa partidário. É para manter? Abel Chivukuvuku considerava que existe um fio condutor capaz de ligar a corrupção aos actuais níveis de pobreza. Estará o PRA-JA em condições de assumir essa constatação? Aqui chegado, disse não ser sensato que se castigue o agente da polícia que pede uma «gasosa» ao automobilista, enquanto o ministro se mantém impune. No comando do PRAJA continua a dizer o mesmo? “Vamos criar uma polícia especial contra a corrupção como os sul-africanos tinham, chamada Scorpions, mas com ordens para começar a apanhar de cima, e vamos construir no Sumbe uma cadeia especial para os mais velhos”, garantiu Chivukuvuku. O agora presidente do PRAJA falava também em colonialismo doméstico e tecia duras críticas ao Governo devido ao que chama de falta de projecto de Nação.
“Agora são José Eduardo dos Santos, Manuel Vicente, Kopelipa, colonialismo doméstico, e a partir daí entrámos no tal ciclo de reprodução da pobreza: uns começaram a ter, e são os novos colonos domésticos, e outros deixaram de ter porque são os excluídos”, acusou então Abel Chivukuvuku. Terá o PRA-JA coragem para manter esta verdade, apenas substituindo os nomes dos marimbondos?
Abel Chivukuvuku também disse que o Executivo pode não ser o único culpado pela situação de extrema pobreza em Angola. Isto porque: “O mais grave das nossas sociedades é o espírito de resignação voluntária do cidadão e ausência do espírito de reivindicação”. Será que o Abel Chivukuvuku e o PRA-JA não se resignarão com algumas lagostas, mesmo que pequenas, e vão lutar pelo fim do esclavagismo?