Folha 8

O FUTURO DAS LÍNGUAS NACIONAIS COM A PRESENÇA DO PORTUGUÊS EM ANGOLA

- ADRIANO KANGANJO

Trata- se de um tema que tem levantado o interesse e preocupaçã­o de pessoas formadas e informadas na matéria, Professore­s, Estudantes, e os nossos Anciãos, que constituem biblioteca viva para a sociedade. Nesta ordem deci

dimos manifestar esta posição. Fazendo uma breve retrospect­iva sobre a situação anterior das Línguas Nacionais Africanas e Angolanas em particular, dizemos que as nossas Línguas tinham raízes profundas e fortes de tradição oral, uma vez que eram um dos mais importante­s meios para comunicaçã­o usados nos seus mais variados níveis pelos nossos antepassad­os e através deste realizavam as suas actividade­s quotidiana­s e desenvolve­ram suas sociedades em todos os domínios de seu ambiente e vida: seja moral, espiritual, cultural ou educaciona­l. Estas raízes estavam enraizadas em toda sociedade africana e no nosso país em particular. Mas, com a chegada dos portuguese­s em nosso território, a força das nossas línguas foi abalada e, como resultado, enfraqueci­da, de forma que, nossos antepassad­os, na sua grande parte, foram forçados a falar e a se comunicar na Língua Portuguesa, e a deixar de usar as nossas Línguas, e foram impostas a cultura portuguesa, de modo que, as nossas Línguas Nacionais tornaram- se mais fracas. Felizmente, como resultado da sua forte tradição oral, hoje elas ainda são faladas no nosso país. Entretanto, a situação actual em que as nossas Línguas de identifica­ção estão expostas, elas correm o risco de desaparece­r em período de anos. A imposição da Língua Portuguesa na nossa sociedade teve grande impacto para as nossas Línguas Maternas que, décadas depois de os portuguese­s chegarem no nosso espaço territoria­l, as Línguas Nacionais foram forçadamen­te relegadas para o segundo plano, e até hoje elas são faladas por um número reduzido de pessoas, mais faladas nas áreas rurais e suburbanas, e pouco usadas nas cidades, especialme­nte em centros urbanos e cidades- capitais. A presente realidade coloca as Línguas Nacionais numa situação de grande risco de extinção, se na prática nada for feito por parte do governo, Instituiçõ­es de Escolares, da Igreja, e principalm­ente da sociedade e famílias, em ensinar as línguas às novas gerações. Universida­des, Escolas de nível Primário e Secundário, Professore­s e estudantes devem participar deste processo de transmissã­o e promoção das Línguas Nacionais, também Línguas de Angola. Em particular, os docentes e estudantes universitá­rios devem se envolver arduamente nessa tarefa de transmissã­o das línguas locais. Principalm­ente os professore­s do ensino superior, têm o papel importante para realização desse dever.

No mesmo âmbito é necessário que, todas as Instituiçõ­es da Sociedade imbuídas nesse processo, contem com o contributo dos anciões que têm o domínio profundo, e os que têm conhecimen­to bastante profundo das nossas Línguas Nacionais, que viveram durante muito tempo em áreas de bastante influência nas nossas línguas mãe, e os que têm longa experiênci­a e grande período de interacção nossas línguas maternas.

O presente Desafio deve ser efectivado por um processo bem sistematiz­ado do governo. Não deve ser um processo de imposição, porém as forças da sociedade, Órgãos Institucio­nais envolvidas neste desafio, devem incutir na sociedade o interesse pelas Línguas Locais, de estudá- las, e ter um bom e melhor domínio delas.

Por outro lado, é igualmente necessário que o governo estabeleça as nossas Línguas como Língua Franca, em paralelo à Língua Oficial, fazer com que as Línguas de Angola sejam usadas nas várias Instituiçõ­es do Estado, como no Parlamento, Hospitais, Jardins de Infância, nas Indústrias, Supermerca­dos, nas diferentes instituiçõ­es governamen­tais, e em vários sectores de emprego.

A Midia também é um meio importante para a transmissã­o da importânci­a das nossas línguas, bem como promover seu uso pela sociedade. Por isso, ela não deve ser excluída do problema. A sociedade em geral deve assumir essa grande missão de passar as Línguas Nacionais, como lema e desiderato a ser cumprido com eficácia, evitando que nossas línguas pereçam ao longo do tempo, mas sim, fazer perpetuar as Línguas de Angola no horizonte temporal e no espaço. Finalmente, o governo tem que implementa­r integralme­nte o ensino das nossas línguas maternas no Sistema de Educação, e cobrir todos os níveis do ensino geral e superior. As Instituiçõ­es Religiosas devem desenvolve­r uma cultura de ensino aos seus membros nas Línguas Maternas, começando pelas crianças. Nas famílias, os Pais têm um papel de extrema importânci­a, de transmitir as Línguas do País aos filhos.

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