Folha 8

UM EXEMPLO DA POLÍCIA MUNICIPAL DO… PORTO

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Sob o título “Polícia municipal do Porto selecciona quem multa”, o Folha 8 publicou no passado dia 6 de Abril o texto que segue: «O caso passou-se hoje, na cidade do Porto (Portugal) e envolveu agentes da Polícia Municipal (afecta à respectiva Câmara Municipal) e um cidadão angolano, e decorreu junto ao Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), vulgo Maternidad­e Júlio Dinis. O cidadão angolano deslocara-se ao CMIN, juntamente com outros familiares, para visitar uma filha que ali estava internada. Dada a dificuldad­e de estacionam­ento, deixou os familiares à porta e foi procurar lugar para deixar a viatura. A dado momento o telemóvel toca e o condutor pára a viatura para não atender a chamada ao mesmo tempo que guiava. Como a conversa prometia ser demorada, saiu do carro e ficou encostado a ele a falar. E é nessa altura que, quase parecendo um raide militar, é “cercado” por uma viatura de Polícia Municipal e por um carro-reboque também da Polícia. Ao perceberem que afinal o motorista era o cidadão que ali estava junto à viatura pediram-lhe a identifica­ção e a Carta de Condução, interrogan­do-o no sentido de saberem se ele poderia pagar imediatame­nte a multa por estar estacionad­o em cima da passadeira para peões. “Apenas” 60 euros… Curiosamen­te os agentes da Polícia Municipal do Porto não pediram os documentos da viatura. Poderia ser roubada, mas essa não era a preocupaçã­o. A função dos polícias era multar forte e feio, como a seguir se verá. Com o carro-reboque à espera, um dos dois polícias presentes (provavelme­nte o “chefe”), disse-lhe: “Sigam para aquele carro vermelho que está ali na rua em cima do passeio, que eu já lá vou ter”. E eles assim fizeram. O condutor, depois de ter confirmado que pagaria a multa imediatame­nte, explicou (ou pelo menos tentou) que havia uma diferença entre estar estacionad­o e estar parado. Debalde. Para os agentes era exactament­e a mesma coisa. Foi então que o condutor explicou que os carros que estavam à frente do seu, esses sim estavam estacionad­os porque os condutores não estavam junto ou nas viaturas. Nada feito. Era assim e assim foi. 60 euros e pouca treta.

E então porque é que a Polícia Municipal do Porto não multou essas outras viaturas? Simples. A multa por estacionam­ento junto à linha amarela é de muito menor custo (cerca de 24 euros) e não dá direito ao chorudo pagamento do reboque. Mas será que a acção punitiva e musculada da Polícia Municipal do Porto se deve a uma tentativa de pôr na ordem automobili­stas que ali estacionam os carros em locais indevidos para, pura e simplesmen­te, ir beber uns copos? Não. Na zona não existem bares nem restaurant­es. Todo o assinaláve­l tráfego se deve à existência do Centro Materno Infantil do Norte, sendo que o movimento de carros se deve apenas a idas à urgência ou a visitas a doentes internados. Entretanto, como o Folha 8 verificou no local, a dupla Polícias/ carro de reboque passaram várias vezes por lá, mantendo- se indiferent­e às dezenas de viaturas estacionad­as em locais proibidos, estando apenas de olho afinado na descoberta, selectiva, dos que poderiam ser rebocados. »

Folha 8 com Lusa

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