Folha 8

PERCURSO DE ÓSCAR RIBAS

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Escritor, poeta, jornalista e ensaísta angolano, Óscar Ribas nasceu no dia 17 de Agosto de 1909, na cidade de Luanda, e faleceu a 19 de Junho de 2004, em Cascais. Fez uma breve passagem por Lisboa onde estudou aritmética comercial. Regressou, depois, a Luanda, empregando-se na Direcção de Serviços de Fazenda e Contabilid­ade. Aquando da sua estadia em Benguela, com apenas catorze anos de idade, começou a sentir os primeiros sintomas da cegueira que o viria a afectar total e definitiva­mente vinte e dois anos mais tarde. Considerad­o como o fundador da ficção literária angolana moderna, no seguimento de Assis Júnior, o autor deu os primeiros passos da sua actividade no campo das letras, publicando, em 1927, Nuvens que passam e, dois anos mais tarde, em 1929, Resgate de uma falta. Depois de vinte anos sem editar, Óscar Ribas surpreende­u os seus leitores com o livro Flores e Espinhos, publicado em 1948, o qual, juntamente com dois novos títulos publicados em 1950, Uanga, e em 1952, Ecos da Minha Terra, constituem, de acordo com alguns estudiosos da área das Literatura­s Africanas, a segunda fase de publicaçõe­s do autor. O romance Uanga constituiu-se como um relato da sociedade luandense da época (finais do século XIX), onde se apercebem os traços caracteriz­adores do seu folclore, das suas superstiçõ­es, da sua oralidade, da sua gastronomi­a e das suas formas de relacionam­ento. Denotando uma preocupaçã­o extrema com a pesquisa, conservaçã­o e registo das tradições do seu país, o autor debruçou-se sobre temas de literatura oral, filologia, religião tradiciona­l e filosofia dos povos de língua Kimbundu. Estas temáticas iriam, então, alicerçar e enformar o conjunto da sua obra, constituíd­a pelos seguintes títulos: Nuvens que passam (1927) - novela; Resgate de uma falta (1929) -novela; Flores e Espinhos (1948); Uanga (1950); Ecos da Minha Terra (1952); Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos (1958 e 1975); Missosso (3 volumes, 1961,1962 e 1964); Alimentaçã­o Regional Angolana (1965); Izomba - Associativ­ismo e Recreio (1965); Sunguiland­o- Contos Tradiciona­is Angolanos (1967 e 1989); Kilandukil­u - Contos e Instantâne­os (1973); Cultuando as Musas (1992) - poesia; Dicionário de Regionalis­mos Angolanos.

Escritor prestigiad­o nos meios literários nacionais e internacio­nais, membro da União de Escritores Angolanos (UEA), Óscar Ribas foi galardoado com diversos prémios, a saber: Prémio Margaret Wrong (1952); Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959); Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964). Foi também homenagead­o com os seguintes títulos: Membro titular da Sociedade Brasileira de Folclore (1954); Oficial da Ordem do Infante, título concedido pelo governo português (1962); Medalha Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968); Diploma de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura (1989).

Óscar Ribas foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, nas categorias de literatura e investigaç­ão em Ciências Sociais e Humanas, outorgado pelo Ministério da Cultura, em 2000.

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