ENTRE GÉNIOS E NÉSCIOS O MPLA NUNCA TEVE DÚVIDAS
2015. Os activistas detidos em Luanda, acusados de conspiração, queriam provocar uma intervenção da NATO em Angola que conduzisse ao derrube do Presidente José Eduardo dos Santos. Nem mais nem menos. Quem disse tal barbaridade? Ora quem haveria de ser? Nem mais nem menos do que o então embaixador itinerante do regime e hoje embaixador de João Lourenço na Guiné- Equatorial, António Luvualu de Carvalho.
O rapaz estava desesperado e disparava em todos os sentidos. Na altura, ainda com o fantasma de José Eduardo Agualusa entalado na garganta, que lhe valeu um enorme puxão de orelhas do chefe do posto, descobriu mais essa pérola. Tinha então outras engatilhadas. Seria que os activistas também não quereriam a intervenção do Estado Islâmico? “São 15 cidadãos que durante vários dias, durante várias etapas foram acompanhados pelos Serviços de Investigação Criminal. Estavam num processo de sensibilização de um grupo (…) para levarem as autoridades até um
ponto, um extremo de aconteceram inclusive mortes”, salientou Luvualu de Carvalho na resposta à encomenda de Luanda a que a Lusa ( obviamente) respondeu afirmativamente. Luvualu de Carvalho esteve na colónia europeia do MPLA (Portugal) naquela que foi a sua primeira etapa de uma peregrinação para, reconhece o próprio, “dar uma grande dinâmica à imagem de Angola a nível internacional”. Socorrendo- se das afirmações feitas em Luanda pelo ex- ministro do Interior angolano, Ângelo Veiga Tavares, o embaixador itinerante repetiu – e repetir é uma das suas mais entusiásticas características – que seria posta em prática uma marcha até ao Palácio Presidencial, “levando com que fossem quebradas as regras de segurança (…) para que a guarda presidencial ou a polícia presente reagisse, matasse crianças, matasse senhoras e matasse idosos para provocar a comoção internacional e justificar então uma intervenção vergonhosa”. O rapaz é tão genial que até parece acreditar no que diz. Tem, reconheça-se, uma vantagem sobre a esmagadora maioria dos seus camaradas. Fala com tal convicção que ninguém reparou que era um dos boneco usados pelo ventríloquo Eduardo dos Santos, tal como é hoje por João Lourenço.
“É isto que se procurava. Que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou alguns países que dela fazem parte fizessem um ataque a Angola, para que se verifique o horror que se verifica agora na Líbia ou se verificou e verifica na Tunísia”, acentuou Luvualu de Carvalho. Na altura, pedagogicamente, Agualusa bem lhe explicou que, por exemplo, o Quarteto de Diálogo para a Tunísia, composto por quatro organizações que negociaram uma forma de garantir que o país se mantivesse uma sociedade pluralista e democrática, em 2013, num momento de crise após a Primavera Árabe, venceu o Prémio Nobel da Paz de 2015. Isto pelo “contributo decisivo para a construção de uma democracia pluralista na Tunísia”.
Luvualu bem gostaria, por alguma razão tem íntimas ligações à EX-URSS, que o Pacto de Varsóvia ainda andasse por aí. Seria uma boa ajuda para manter a NATO quietinha, não seria Luvualu? Também gostaria que a Cuba continuasse a ser o que era nos tempos do Maio de 1977 e anos seguintes. Mas era tudo uma chatice, um complô, para azucrinar o impoluto e honorável cidadão José Eduardo dos Santos. A URSS já não existe, Cuba até já vai à missa do Tio Sam, e a NATO apoia activistas… Quanto aos efeitos do caso dos activistas então detidos na imagem do reino do seu patrão, Luvualu de Carvalho reconhece que é negativa.
“A situação que levou à detenção destes 15 indivíduos e os processos de luta desenvolvidos por estes 15 levaram, claro, o nome de Angola às manchetes pelas piores razões e isso ninguém nega”, disse. “Piores razões”? Lá teve Luvualu de baixar as calcinhas e levar uns tabefes do chefe.
O rapaz é tão genial que até parece acreditar no que diz. Tem, reconheça- se, uma vantagem sobre a esmagadora maioria dos seus camaradas. Fala com tal convicção que ninguém reparou que era um dos boneco usados pelo ventríloquo Eduardo dos Santos, tal como é hoje por João Lourenço.