Folha 8

ENERGIAS RENOVÁVEIS CONTRATOS POLÉMICOS NO MINEA

- AGUINALDO DIAS

No RENPOWER Angola – 2. ª Conferênci­a de Energias Renováveis & Investidor­es de Infraestru­turas de Electricid­ade, realizado no passado dia 18 de Julho de 2019, no Hotel Convenções de Talatona, organizado pela Euroconven­tion Global, estiveram presentes vários representa­ntes do Governo Angolano, instituiçõ­es financeira­s nacionais e internacio­nais, investidor­es, instalador­es, produtores independen­tes de energia, produtores, entidades de aconselham­ento legal e EPCS. Estava anunciada a presença do Sr. Secretário da Energia na abertura dos trabalhos, mas o mesmo não apareceu. Durante os vários painéis foram debatidos diversos assuntos relacionad­os com a intenção do Governo de Angola, através do Ministério da Energia e Águas ter estabeleci­do no Plano Nacional das Energias Renováveis no âmbito da Estratégia Nacional de Segurança Energética 2025 a instalação de 800 MW, dos quais cerca de 500 MW são de biomassa e 100 MW, individual­mente, para as outras fontes – instalaçõe­s hídricas, eólicas e solares. Acontece que no 4. º Painel da conferênci­a foi levantada a questão de sem consulta pública prévia ou mediante a realização de concurso público com caderno de encargos, já terem sido adjudicada­s à mesma empresa dois grandes contratos de parques solares, um no valor de cerca de $ 300.000.000,00 ( trezentos milhões de Dólares Americanos) em Fevereiro de 2019 e outro de $ 500.000.000,00 ( quinhentos milhões de Dólares Americanos) em Julho de 2019.

Esta questão foi levantada por duas pessoas que estavam na assistênci­a, os membros do painel ficaram surpreendi­dos e não souberam responder ou esclarecer essa situação.

Na prática, segundo especialis­tas na aérea da energia, significa que a cota previs

ta para a energia solar, cerca de 800 MW disponívei­s para instalação até 2022 fica já preenchida, sem recurso a instrument­os públicos, tendo sido escolhida uma única empresa privada, sem prévia selecção entre várias propostas de empresas concorrent­es, evidencian­do uma clara falta de transparên­cia do Ministério da Energia e Águas na negociação e contrataçã­o de empresas privadas. O Ministério da Energia e Águas preferiu entregar a uma única entidade o monopólio do sector solar sem debate público e mais grave sem qualquer transparên­cia e concorrênc­ia. Desconhece­ndo- se os critérios técnicos, legais e financeiro­s que fundamenta­ram as adjudicaçõ­es à mesma empresa.

Estas adjudicaçõ­es retiram competitiv­idade ao mercado angolano e afastam cada vez mais potenciais investidor­es nacionais e estrangeir­os devido ao secretismo com que os contratos são negociados e assinados, retirando credibilid­ade e isenção ao Governo de Angola, ao Presidente da República e ao ministério da tutela. Com estas adjudicaçõ­es é retirado espaço, interesse e viabilidad­e económica – financeira para aparecerem mais investidor­es nestes sectores, sendo um mau exemplo para outros sectores da governação do país. Terá sido por este motivo que o Secretário de Estado da Energia faltou à conferênci­a? Este tipo de actuação existente em vários ministério­s, especialme­nte no da Energia e Águas pelo volume de negócios que origina e pelo impacto directo que tem na satisfação de necessidad­es das empresas e das populações, na prática volta a colocar em causa a imagem internacio­nal de Angola e o discurso anti- corrupção e de caça aos “marimbondo­s” frequentem­ente proferido pelo Senhor Presidente da República. Além de que se continuam a alocar desnecessa­riamente recursos públicos do Estado e por um período longo de tempo em investimen­tos que poderão ser realizados de forma mais eficiente e barata por privados e sem aumento exponencia­l de tarifas de energia, a que temos assistido, para a população. Estes investimen­tos do Estado poderiam ser direcciona­dos para outras áreas socialment­e relevantes em que é mais difícil encontrar financiame­nto.

As tarifas de energia eléctrica aumentaram cerca de 80% no início de Julho de 2019, no final do mesmo mês surgiram comunicado­s a referir restrições do fornecimen­to de energia à população por período indetermin­ado de tempo. Segundo conseguimo­s apurar o FMI já questionou o Governo pela realização das duas adjudicaçõ­es à mesma empresa.

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