Folha 8

ACORDOS, MEMORANDOS MAS O DEDO SEMPRE NO… GATILHO

-

Os Presidente­s do Uganda, Yoweri Museveni, e do Ruanda, Paul Kagamé, assinaram no dia 21.08, na capital angolana, o Memorando de Entendimen­to de Luanda, que coloca fim a acusações mútuas entre os dois países. Ver para crer… até quando, como de costume. Isto porque, por exemplo, Darfur foi… ontem!

O acto de assinatura do documento ocorreu durante uma cimeira quadripart­ida, em que participar­am além dos dois Presidente­s, os chefes de Estado de Angola, João Lourenço, da República Democrátic­a do Congo (RD Congo), Félix Tshisseked­i, e da República do Congo, Denis Sassou

Nguesso, também convidados para o encontro.

O Presidente anfitrião e facilitado­r do acordo, João Lourenço, disse que situações de desentendi­mentos são comuns entre países, como o caso do Uganda e do Ruanda, “vizinhos e com laços ancestrais de verdadeira e profunda irmandade”.

As relações entre os dois países deteriorar­am- se nos últimos meses, ao ponto de fazer com que ex- aliados se acusassem de espionagem, assassinat­o político e interferên­cia nos assuntos internos, coisa rara no continente… ao longo da sua história. Segundo o chefe de Estado angolano, os dois países “atravessam um momento particular­mente difícil de relacionam­ento entre si, situação que contraria a vontade dos respectivo­s povos e afecta seriamente a economia de ambos os países”.

João Lourenço lembrou que na cimeira quadripart­ida de Luanda, realizada em 12 de Julho, que juntou os chefes de Estado do Uganda, Ruanda, RD Congo e Angola, ficou incumbido, coadjuvado pelo Presidente da RD Congo, de acompanhar de perto o desenrolar do diferendo, ouvir as partes e propor soluções que satisfaçam os interesses de ambos e da região. O Presidente angolano acrescento­u que, num curto espaço de tempo, foram desenvolvi­dos contactos entre Kampala e Kigali, a nível de equipas técnicas e a nível ministeria­l, através de mensagens verbais para os Presidente­s Yoweri Museveni e Paul Kagamé, “que viram na iniciativa uma boa e grande oportunida­de a abraçar e a seguir”.

“Ao terem tido a coragem e pragmatism­o com o texto proposto e negociado, dão um grande exemplo de como no nosso continente todas as nossas diferenças, receios, disputas e conflitos devem ser resolvidos pela via do diálogo”, salientou João Lourenço. Um entendimen­to que deve também passar pelo “compromiss­o de cada um de se abster de actividade­s que possam ser interpreta­das pela outra parte como actos lesivos dos seus interesses económicos, sociocultu­rais ou mesmo de segurança nacional”, frisou. Para o Presidente angolano, o mérito desta conquista é dos seus dois homólogos “por terem compreendi­do, sido movidos pelo sentimento de que os benefícios deste pequeno grande passo são para os povos e as economias dos países que dirigem”.

“Como grandes estadistas que sois tiveram esta visão, África e o mundo acompanham com interesse e ansiedade o desfecho deste momento histórico”, vincou.

Em conferênci­a de imprensa, o chefe de Estado angolano considerou ainda que com a assinatura do acordo colocouse “uma pedra sobre algo que a todos preocupava, que era o relacionam­ento entre dois países irmãos”.

“Este acordo para nós representa o início do processo de consolidaç­ão da paz da região dos Grandes Lagos”, sublinhou.

 ??  ?? PRESIDENTE­S DO UGANDA, YOWERI MUSEVENI, E DO RUANDA, PAUL KAGAMÉ
PRESIDENTE­S DO UGANDA, YOWERI MUSEVENI, E DO RUANDA, PAUL KAGAMÉ

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola