Folha 8

AGORA É QUE VAI SER. O QUÊ? NINGUÉM SABE

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O Governo do MPLA ( o único que os angolanos conhecerem desde 1975) não está com meias medidas e promete acabar com os 20 milhões de pobres. Ou melhor, promete o lançamento de satélites de teledetecç­ão remota no âmbito do tal programa de Estratégia Espacial até 2025. Segundo o documento, esta estratégia prevê o estudo da viabilidad­e da construção e lançamento de satélites de teledetecç­ão remota, para observação da terra e meteorolog­ia, por parte do Governo, entre 2019 e 2025. Em complement­o, uma das estratégia­s constantes do programa espacial angolano implicaria ainda a construção de estações terrestres para recepção directa de imagens de satélite. Outras estratégia­s a implementa­r até 2025 prevêem a implementa­ção de um sistema de informação geográfica, um programa de observação da terra através de imagens de satélite, um sistema nacional de comunicaçõ­es por satélite e o lançamento de tantos “Angosat” quantos a megalomani­a do regime entender. “A estratégia especial permitirá à República de Angola construir um edifício ambicioso e sustentáve­l como instrument­o do seu progresso socioeconó­mico e de afirmação internacio­nal, cumprindo deste modo, de forma eficaz e inovadora, os propósitos estratégic­os gerais e sectoriais do país”, lê- se no documento. O Angosat- 1 iria – disse o ministro José Carvalho da Rocha – “não só prestar serviços à população, como a toda a região, e também provocar uma revolução no mundo académico angolano, com a transferên­cia de conhecimen­to”. Isto não tivesse deserta para parte incerta…

“O satélite vai cobrir todo o continente africano e uma parte da Europa. Nós vamos ter capacidade para servir as nossas necessidad­es e prestar serviços a outros países da região de cobertura do Angosat. Temos que procurar aqueles projectos que possam trazer divisas para o nosso país”, explicou o ministro.

Ao contrário do que pensavam os angolanos, o satélite e projectos similares não vai trazer comida, nem medicament­os, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreende­r que há prioridade­s bem mais relevantes. E os satélites são uma delas.

“Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es,” referiu em 2012 o então coordenado­r do projecto, Aristides Safeca. Ao que tudo indica, com esta estratégia espacial o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou uma das mais alta taxas de mortalidad­e infantil no mundo. Será também graças à estratégia espacial que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalaçõe­s, da falta de pessoal e de carência de medicament­os. Do mesmo modo, com a estratégia espacial do Governo não mais se afirmará que a taxa de analfabeto­s é bastante elevada, especialme­nte entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro ( 25%) morre antes de atingir os cinco anos.

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