Folha 8

CACHIPEMBE QUEIMA MAS NÃO É INCÊNDIO, DIZ JOÃO MELO

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Oministro do MPLA da Comunicaçã­o Social, João Melo, afirmou que comparar as queimadas que se fazem em vários países africanos do centro- sul, como Angola, com os fogos da Amazónia “é um completo nonsense”, admitindo, no entanto, o problema.

O rapazola confundiu a obra -prima do mestre com a prima do mestre de obras, mostrando que, por exemplo, se o Presidente da República taxasse a estupidez dos membros do Governo, o país deixaria de estar em crise.

Na sua conta do Twitter, o ministro fez alusão a um artigo da agência Bloomberg que se baseava em fotos da NASA, a agência espacial norte- americana, e punha Angola no topo mundial em número de fogos, consideran­do que a comparação não faz sentido.

O rapazola, como é seu timbre, esquece- se que não é fei

ta nenhuma comparação mas, tão-somente, uma listagem estatístic­a com os países que, na altura, registavam o maior número de fogos.

“O artigo atribuído à Bloomberg afirmando, com base em fotos da NASA, que há mais fogos em Angola, Congo e outros países do centro- sul de África do que na Amazónia é um completo nonsense. Como comparar queimadas, tradiciona­is nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo?”, escreveu João Melo. Pois é. Então não é possível elencar/ comparar os nossos 20 milhões de pobres com a inexistênc­ia de pobres nos clãs familiares dos membros do Governo, ou comparar/elencar a coluna vertebral de um chimpanzé (sem ofensa para estes primatas) com a de João Melo?

De acordo com uma notícia da Bloomberg, do dia 24 de Agosto, que citava dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectrorad­iometer) da NASA, Angola tinha registado 6.902 fogos nas anteriores 48 horas, mais do dobro dos 3.395 na República Democrátic­a do Congo e mais do triplo dos 2.127 fogos registados no Brasil. Reconheça- se, contudo, que o satélite MODIS poderá ser o desapareci­do satélite angolano Angosat- 1 que terá sido corrompido pelos marimbondo­s de José Eduardo dos Santos, admitindo-se igualmente como plausível que a própria NASA tenha sido infiltrada pelos discípulos de Jonas Savimbi. “Os fogos que grassam na Amazónia podem ter colocado pressão sobre as políticas ambientais do Presidente Jair Bolsonaro, mas o Brasil é, na verdade, o terceiro país no mundo em termos de incêndios nas últimas 48 horas”, referia a Bloomberg, salientand­o ( sem consulta prévia ao Departamen­to de Informação e Propaganda do MPLA) que estes números não eram invulgares na África central, quando os agricultor­es fazem queimadas para preparar a terra para cultivar. Numa sequência de ‘ tweets’, em que interagiu também com os seus seguidores, João Melo criticou o “carnaval” em torno das fotos da NASA e a confusão entre queimadas, fogos florestais, incêndios, fósforos acesos, piquenique­s, churrascos, sardinhada­s e similares. “Confundir fotos de capim a arder na nossa região com incêndios massivos em florestas é brincadeir­a. E misturar isso com politiquic­e barata é pior ainda. Lamentável”, escreveu o governante enquanto se descalçava para tentar contar as razões da sua emblemátic­a tese que, à priori, sabia que seriam mais de… 10 ( dez). João Melo reconheceu, contudo, que o problema existe e precisa de ser resolvido, respondend­o a um seguidor que “o Governo está a tomar medidas para enfrentar esses problemas. Mas resolvê- los leva tempo”.

Nisto o ministro rapazola (também pode ser rapazola ministro) tem razão. Se em 44 anos de governo o MPLA ainda não conseguiu descobrir a diferença entre um corredor de fundo e o fundo do corredor, precisa mesmo de muito tempo para distinguir o José Maria da Maria José.

O governante do MPLA rejeitou ainda, em resposta a outro internauta, que os seus comentário­s estivessem relacionad­os com um ‘ tweet’ do anterior ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Sales. Sales reagiu às críticas do Presidente francês, François Macron, sobre o ‘ ecocídio’ da Amazónia, escrevendo: “Mais fogo em Angola e Congo do que na Amazónia… e o Macron não fala nada… Porque será? Será que é porque eles não concorrem com os ineficient­es agricultor­es franceses?”. “Não vi nenhum tweet de nenhum ministro brasileiro ou de qualquer país sobre este assunto”, respondeu João Melo ao seguidor que o interpelou.

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MINISTRO DO MPLA DA COMUNICAÇíO SOCIAL, JOÃO MELO

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