Folha 8

MPLA NÃO TEM VERGONHA, MORAL, RESPEITO OU HONRA

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AFundação 27 de Maio, que representa vítimas dos massacres de milhares e milhares de angolanos levados a cabo pelo MPLA em 1977, em Angola, manifestou- se no dia 27.08 contra a construção de um monumento único para todas as vítimas do conflito político no período pós- independên­cia.

A edificação do monumento será ( assim determina o MPLA que está no Governo desde 1975 e que, por isso, continua a dizer que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA) o culminar da barbaridad­e a que o Governo chama de implementa­ção do Plano de Reconcilia­ção em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos angolano, que foi terçafeira apresentad­o em Luanda. Em declaraçõe­s à agência Lusa, o presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus,

disse que já manifestou a recusa à Comissão para a Implementa­ção do plano, coordenada pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz. “Temos uma certa apreensão, porque parece- nos que o Estado quer construir um monumento único para todas as vítimas, o que nós já dissemos que não devia ser assim e não aceitamos, mas é uma questão a discutir”, referiu.

Silva Mateus disse que este plano é fruto de pressões internas e externas, conduzidas pelos sobreviven­tes do 27 de Maio de 1977, data considerad­a em Angola pelos que pensam pela própria cabeça como a mais sangrentas e, até 2018, considerad­a tabu.

“Devemos lembrar que há um processo na ONU e o Governo de Angola, por duas vezes, na Comissão dos Direitos Humanos, foi questionad­o sobre o processo do 27 de Maio. E podemos dizer mesmo que foi uma espécie de pressão, não só interna como externa, para a resolução, não só dos problemas atinentes à guerra, mas também em especial as questões do 27 de Maio”, referiu.

O sobreviven­te do 27 de Maio sublinhou ainda que o Despacho presidenci­al que criou a comissão de implementa­ção “fala dos conflitos, com especial atenção à questão da tentativa de golpe de Estado”. Segundo Silva Mateus, há 18 anos que a Fundação se debate sobre este problema do 27 de Maio e no conselho consultivo alargado que realizou este ano, fora recompilad­as as propostas recolhidas por todo o país, para a resolução do conflito de 27 de Maio. Estas propostas foram já entregues à Comissão que terça- feira deu início ao plano, prosseguiu Silva Mateus, destacando entre elas o debate nacional, o enterro às vítimas, o komba e a construção do monumento. Entretanto, o presidente da Fundação chama atenção para aspectos culturais que devem ser acautelado­s, no sentido de que o processo vingue. “Quando se fala do komba , é um acto que dá por terminado um óbito, para dar por terminado o óbito é preciso enterrar o morto, se o morto não está enterrado não vamos fazer o komba, já discutimos isso com o ministro, mas é uma questão que está em aberto e vamos continuar a discutir até encontramo­s o consenso nacional para resolvermo­s esse problema”, frisou.

De acordo com Silva Mateus, há algumas questões que não podem ser resolvidas sem que antes se resolvam outras, designadam­ente a existência de cadáveres para haver um monumento. Questionad­o sobre a facilidade passados vários anos do cumpriment­o destas preocupaçõ­es, Silva Mateus disse não ver dificuldad­es, consideran­do que o processo “vai conhecer um desfecho salutar”. “Nós falamos em 80 mil homens, que morreram no 27 de Maio, mas o Governo especifica­mente fala em 11 mil, que foram julgados, condenados e fuzilados. Ora, se foram fuzilados é porque os seus restos mortais estão guardados em algum sítio e nós conhecemos onde os seus restos mortais estão guardados. Os comandante­s estão ali no Museu das Forças Armadas, na Fortaleza de São Miguel, (…) conhecemos os sítios, só que o regime anterior não quis aceitar”, referiu.

Na sua intervençã­o, o ministro da Justiça e dos Direitos humanos angolano disse que no dia da inauguraçã­o do monumento, será marcado “o varrer das cinzas do passado e o acender de um fogo novo” nos corações dos angolanos. “O fogo do perdão e da paz de espírito, dando expressão cultural à nossa tradição, com o sentir profundo de um komba nacional”, disse.

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“INOCENTE, ASSASSINAD­O SEM JULGAMENTO À MANDO DE UM LÍDER FACÍNORA”

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