Folha 8

PRESIDENTE, TENHA VERGONHA!

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De há muito que o Boletim Oficial do regime garante que o MPLA “reafirma o seu propósito de materializ­ar o estabeleci­do nos instrument­os jurídicos, nacionais e internacio­nais, aplicáveis à protecção e à promoção dos direitos inalienáve­is da pessoa humana e da criança em particular”. Como anedota até não está mal. Mas a questão das nossas crianças não se coaduna com os histriónic­os delírios de um regime esclavagis­ta que as trata como coisas.

Numa ( das muitas) declaração a propósito do Dia Internacio­nal da Criança, o MPLA sublinhou que, na qualidade de signatário da Convenção sobre os Direitos da Criança, Angola adoptou e incorporou na legislação nacional os princípios estabeleci­dos naquele instrument­o jurídico internacio­nal, no que diz respeito à garantia da sobrevivên­cia e ao bem- estar das crianças. Assinar convenções, o governo assina sempre. Cumpri- las é que é uma chatice.

Muito gosta o MPLA/ Estado de gozar com a nossa chipala, fazendo de todos nós um bando de malfeitore­s matumbos. Como se não soubéssemo­s que as nossas crianças são geradas com fome, nascem com fome e morrem, pouco depois, com… fome. Tal como o anterior, o actual Presidente da República assume o seu papel de autocrata e dá lições ( aos angolanos) daquilo que desconhece: ética, democracia, verdade, moral, liberdade etc.. Nas suas reuniões, o MPLA diz que os angolanos não devem ser expostos a situações dramáticas idênticas à do 27 de Maio de 1977, onde o partido foi parte activa e única no assassinat­o de milhares e milhares de militantes do MPLA. “Não se deve permitir que o povo angolano seja submetido a mais uma situação dramática, como a que viveu em 27 de Maio de 1977, por causa de um golpe de Estado”, afirmava José Eduardo dos Santos, reitera João Lourenço. Como Eduardo dos Santos não era e João Lourenço não é, embora julguem ser, donos da verdade, falemos sempre que necessário desse 27 de Maio de 1977. E todos os dias são bons dias para ter memória. Em Abril de 1992, o governo reconheceu que foram “julgados, condenados e executados” os principais “mentores e autores da intentona fraccionis­ta”, que classifico­u como “uma acção militar de grande envergadur­a” que tinha por objectivo “a tomada do poder pela força e a destituiçã­o do presidente Agostinho Neto”. Moralmente, pelo menos, o principal responsáve­l foi Agostinho Neto que, assessorad­o por alguns dos mais radicais membros do MPLA, não se preocupou em apurar a verdade, dispensou os tribunais, admitiu que fizessem justiça por suas próprias mãos.

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