DRAMA DOS ALUNOS ANGOLANOS NA RÚSSIA
OFederação da Rússia, face à cooperação com Angola, existente no domínio da Educação, todos os anos tem disponibilizado vagas para os melhores estudantes angolanos para licenciaturas e mestrados, fazendo um processo de selecção dos candidatos com uma olimpíada com o título: “É tempo para estudar na Rússia”. Nessa “prova” são avaliadas a capacidade dos estudantes nas disciplinas de Matemática, Física, Química e escrita. Aos candidatos com melhores resultados são concedidas bolsas de estudo, sendo que toda bolsa externa é gerenciada pelo INAGBE, Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo, organismo tutelado pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.
No dia 15 de Janeiro de 2018, vários estudantes apresentaram a sua candidatura no INAGBE para assim poderem fazer os teste na Embaixada da Rússia.
Sendo que a bolsa é de cooperação entre os dois países, os estudantes não pagam à Universidade, obrigatoriedade que é da responsabilidade do governo Russo que também suporta 50% da bolsa, ficando o governo de Angola ( via INAGBE) com incumbência de liquidar os restantes 50% que se destinam a cobris despesas com o alojamento, alimentação, transporte e material didáctico.
Quando foram publicados os resultados dos exames, INAGBE alegou que o país não tinha condições para poder financiar novos estudantes no exterior. Perante esta decisão, os candidatos escrevam cartas pedindo apoio de diferentes ministérios do país, bem como a empresas. A resposta foi sempre a mesma: “não vos podemos financiar“. Os estudantes ficaram desanimados com as respostas, desde logo por entenderem que a sua formação seria vital para o progresso do país, nomeadamente a nível de cursos de engenharia e medicina. Mes
mo assim arranjaram meios e viajaram para a Rússia, esperançados que o Governo poderia rever o nosso caso. Na Rússia tiveram a oportunidade de conversar com o presidente da República, João Lourenço. Numa reunião que ocorreu no dia 4 de Abril de 2019 , apresentaram ao Presidente o seu drama, tendo este garantido que iria averiguar o que se passava junto dos responsáveis do INAGBE. Quatro meses já passaram e os jovens continuam sem receber uma explicação. Assim sendo, são obrigados a trabalhar para suprir as suas necessidades de sobrevivência, já que só lhes é paga a universidade.
“Algumas das nossas colegas estão a prostituir- se para poderem pagar as despesas tais como: alojamento, vestuário, transporte e alimentação”, contou ao Folha 8 uma das angolanas apanhada nesta teia, acrescentando: “É muito triste saber dessa realidade, sabendo que algumas pessoas estão a corromper- se na Embaixada de Angola na Rússia para serem inseridas no sistema da bolsa. Nós algumas vezes para poder sobreviver compramos divisas nos bolseiros do INAGBE ao câmbio informal”.