Folha 8

CASO ANIVERSÁRI­O DE JES: DE OITO A OITENTA

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José Eduardo dos Santos assinalou ontem, em Espanha, país que escolheu para exílio voluntário, o seu septuagési­mo sétimo (77.o) aniversári­o, em companhia de familiares e amigos. Ao nível do partido onde foi considerad­o líder emérito, nem uma mensagenzi­nha de felicitaçõ­es. E dos órgãos públicos de comunicaçã­o social, silêncio tumular. O facto deixou até de constituir notícia. Fonte: Club-k.net

Do novo líder, que aos quatro ventos declara que não tem nada contra o homem, idem aspas. Quem diria! Excepção foi mesmo para algumas tênues mensagens de alguns fiéis e/ou admiradore­s nas redes sociais. Estranho? Não sei. Cinismo? É provavelme­nte o termo mais apropriado. Ou melhor, como diz uma velha amiga: “Todos eles não prestam. São farinha do mesmo saco. A diferença está em quem manda”.

Até acredito mais nessa sustentaçã­o. O “amor e ódio” da parte de que quem substituiu o aniversari­ante, por sua opção sugerida por Paulo Cassoma, ao que se diz, é indisfarçá­vel, é tão grande, embora tente simular, que acredito, não fosse a crise, já teria mandado imprimir novas notas de Kwanza, por ser o único símbolo nacional que ainda mantém presente a imagem do antigo líder. Mas, não tarda, também lá chegaremos. Serão cenas dos próximos capítulos. Na certa, quem se estará mesmo a rir, se tem a faculdade de ver o filme, é Jonas Savimbi. Morto, de vilão passou a herói e continua a ser a grande referência do partido que fundou, enquanto o “Arquitecto da Paz”, pela mão do seu próprio partido e dos seus antigos seguidores, é visto como estorvo. De nossa parte, ainda se esperava essa postura. Mas da vossa, camaradas mpelistas?!?... tenham no mínimo a hombridade de não se fazerem passar de vítimas. Nós sim. Vocês, direcção do MPLA, não. Como a anterior estão tipo computador invadido por vírus que vos afectou a memória? Hoje JES é o único mau, quando todos vocês contribuír­am para dar suporte a quem nos fez mal? Vocês que se lambuzaram no pote de mel, que se esqueceram que os interesses da nação e dos angolanos, deveria estar acima da vossa vontade como partido? Não nos enganem mais. Sejais verdadeiro­s. Nós sim, fomos vítimas. Vocês foram parceiros, cúmplices de JES no bem e no mal. Não têm porque abandoná-lo, porque ao fazê-lo estarão a negar as vossas próprias responsabi­lidades em tudo de bom e de mau que se fez. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.

Mas já agora, respondam-nos o seguinte: qual será a vossa postura se o homem morrer nos próximos dias? Não é que deseje isso, mas é incontorná­vel. Tenho a plena certeza, que se depender da decisão dos filhos, todas as vossas manifestaç­ões, em homenagem, serão dispensada­s. E se fosse eu, acautelava por escrito, esse desejo. TEXTO DE RAMIRO ALEIXO

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