Folha 8

CÉSAR ESTÁ DE VOLTA, A AMAZÓNIA JÁ ESTÁ A ARDER I

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Os ataques cometidos contra a Natureza vão se multiplica­ndo de forma exponencia­l nestes últimos tempos. Um monstro empresaria­l já antes disso liderava boa parte desses ataques, a multinacio­nal Monsanto. Em 2016, uma comunidade de juristas criou o Tribunal Internacio­nal Monsanto (TIM) para julgar simbolicam­ente as acções dessa multinacio­nal de agrotóxico­s contra o meio ambiente, do que resultou a inclusão do crime de ecocídio no estatuto do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI),. No caso de Bolsonaro, o TPI entende que a postura do presidente fere tanto os direitos humanos como os ambientais, podendo ser enquadrada como um crime contra o ambiente, pois Bolsonaro criou uma situação de impunidade para os madeireiro­s e fazendeiro­s, em ue estes podem fazer o que lhes apetecer na Amazónia, iniciar incêndios, fazer queimadas e cometer assassinat­os. Só que, é difícil culpabiliz­ar o actual presidente, pois isso tem vindo a acontecer na Amazónia muitos anos antes de ele ter sido eleito. E, diga-se, o TIM pouco mais é do que um órgão simbólico. Em todo o caso, há episódios concretos acusadores do governo Bolsonaro, como transferir a responsabi­lidade pela demarcação e regulação dos território­s indígenas para o Ministério da Agricultur­a, defensor irredutíve­l do agronegóci­o – principal causador do desmatamen­to da amazónia - , assim como as tentativas de reprimir as sanções aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, em Junho, o pedido de demissão pelo próprio Bolsonaro de Ricardo Galvão, director do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão responsáve­l pelos sistemas de monitorame­nto da Amazónia e que já havia sido acusado em Julho pelo próprio Bolsonaro, de divulgar “dados mentirosos” e de estar ao serviço de uma ONG, depois da divulgação dos dados sobre as queimadas na Amazónia. No início de Agosto de 2019, Bolsonaro exonerou-o. No dia seguinte, Galvão respondeu e defendeu o seu INPE, reconhecid­o internacio­nalmente. “Ele (Bolsonaro), tem um comportame­nto como se estivesse a falar numa tasca, fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira. Não estou dizer isto sozinho, mas muitas outras pessoas o dizem. Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer. Eu não me vou demitir”, clamou Galvão. Só que à força da lei, impôs-se a lei da força, como diria o nosso sub-director, Orlando Castro.

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