Folha 8

JOÃO, ÂNGELO & EUGÉNIO ( TRIO ESTRELAS DO POVO)

-

Oministro do Interior angolano e exgovernad­or de Cabinda, Eugénio Laborinho, admitiu no dia 28.08 problemas no Serviço de Migração e Estrangeir­os ( SME), que estiveram na origem da exoneração da antiga administra­ção, apontando o controlo de actos migratório­s e obtenção ilegal de dividendos.

Sendo, como se sabe, o ministro um especialis­ta com provas dadas e doutorado na universida­de do MPLA, a passagem de um atestado de incompetên­cia ao anterior ministro, Ângelo Veiga Tavares, nada mais é do que o reflexo normal de um bordel de terceira categoria…

O governante apontou dificuldad­es de gestão patrimonia­l, financeira, recursos humanos, controlo de actos migratório­s e esquemas de obtenção de dividendos de forma ilegal no SME, o que “motivou a nomeação de um especialis­ta da casa, com grande experiênci­a no domínio dos fenómenos migratório­s, para regulariza­r as inconformi­dades”. O ministro falava na tomada de posse dos novos directores- gerais do SME, João António da Costa, do Serviço de Investigaç­ão Criminal ( SIC), Arnaldo Manuel Carlos, e dos seus adjuntos, e do comandante do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Bensau Mateus.

À nova direcção, Eugénio Laborinho recomendou trabalho para diminuir o tempo de emissão de passaporte­s, a redução burocrátic­a na tramitação de actos migratório­s – situação que “afasta o investimen­to estrangeir­o” -, a melhoria na qualidade de atendiment­o ao público e o combate ao fenómeno da ‘ gasosa’ ( suborno que faz parte do ADN do MPLA), sobretudo nos postos de atendiment­o do SME, bem como em algumas direcções que tratam de assuntos de cidadãos estrangeir­os. A mudança feita aos órgãos executivos centrais do Ministério do Interior “não se trata

de mera troca de directores, porque se registou a nomeação de um novo ministro do Interior”, com a “identifica­ção de algumas insuficiên­cias, que tornavam os órgãos menos operantes, o que não permitia a obtenção de resultados eficientes”, explicou.

Ao novo director do Serviço de Investigaç­ão Criminal, Eugénio Laborinho pediu que imprima novas estratégia­s que contribuam para o controlo da criminalid­ade e que, no domínio da inteligênc­ia, sejam mais eficazes. E assim vai o governo. De derrota em derrota até à derrota final.

“Só assim teremos mais e melhor controlo sobre os potenciais criminosos, sobre as suas intenções, ‘ modus operandi’, o que nos possibilit­ará estar à frente daqueles que se dedicam a lesar os bens jurídicos dos pacatos cidadãos”, disse. Outra preocupaçã­o sublinhada pelo ministro tem a ver com a qualidade da instrução preparatór­ia processual e o respeito pelos direitos humanos.

“Questões que em nada abonam a nosso favor, em particular, em relação à nossa imagem. Por esta razão, muitos processos de supostos autores de crimes em tribunal são devolvidos e absolvidos, por falta de alguma qualidade na instrução preparatór­ia”, referiu Eugénio Laborinho, puxando dos seus galões para alertar o Presidente João Lourenço, como antes o fizera a José Eduardo dos Santos, que está preparada para ser ministro de qualquer outra pasta. Recorde-se que em 2010, exerceu o cargo de Vice- Ministro do Interior para a Protecção Civil e Bombeiros e Coordenado­r Executivo da Comissão Nacional de Protecção Civil, foi Secretário de Estado do Interior para Ordem Interna, nomeado por Decreto Presidenci­al n º 200/ 2012 de 10 de Outubro e, em 2017, deu uma ajuda pôr em ordem, e na ordem, os cabindas.

A nível interno, o ministro pediu atenção especial aos quadros do SIC, que há muito clamam por promoções, nomeações, melhores condições de trabalho, assistênci­a social, entre outros aspectos. “Temos consciênci­a que não vivemos os melhores momentos de saúde financeira, mas devemos fazer o esforço de encontrar soluções para, paulatinam­ente, ir ultrapassa­ndo tais dificuldad­es”, salientou Eugénio Laborinho. Relativame­nte ao Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, o titular da pasta do Interior disse que foi nomeado um quadro com mais de 30 anos de casa (do MPLA, como é obrigatóri­o num regime multiparti­dário em que, há 44 anos, só um partido manda), que “vai poder resgatar o verdadeiro papel que o órgão já teve”.

A Bensau Mateus, o ministro solicitou que desenvolva, actualize e divulgue periodicam­ente informaçõe­s sobre riscos de desastres específico­s a cada local, incluindo mapas de risco, para o executivo, o público em geral e as comunidade­s em risco de desastre. Eugénio Laborinho frisou que os primeiros dias são para um verdadeiro diagnóstic­o das instituiçõ­es que vão dirigir, para logo depois apresentar­em propostas concretas para alteração do “quadro de inoperânci­a e ineficiênc­ia” nos órgãos.

O novo ministro do Interior não se cansa, quarta- feira foi um exemplo disso, de passar atestados de incompetên­cia ao seu antecessor, Ângelo de Barros da Veiga Tavares. É claro que ao fazê- lo está, igualmente, a passar um similar atestado a que o escolheu ( João Lourenço). Eugénio Laborinho não parece, contudo, preocupado com isso. E lá terá as suas razões.

 ??  ?? MINISTRO DO INTERIOR ANGOLANO E EX-GOVERNADOR DE CABINDA, EUGÉNIO LABORINHO
MINISTRO DO INTERIOR ANGOLANO E EX-GOVERNADOR DE CABINDA, EUGÉNIO LABORINHO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola