Folha 8

DA BARATA TONTA DA PGR À TONTA BARATA DA PGR!

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Oprocurado­r- geral da República (do MPLA) reconheceu recentemen­te, na Lunda Norte, que por escassez de magistrado­s os casos de corrupção e crimes conexos, na província, não são resolvidos com a celeridade necessária. No dia 16 de Novembro de 2018, Hélder Pita Grós afirmou que a falta de verbas estava a condiciona­r a cooperação internacio­nal e o cumpriment­o de diligência­s como cartas rogatórias. Que chatice! É preciso arranjar quem nos dê mais uns milhões de fiado para resolver este problema. Talvez a China, ou o Japão, ou a Coreia do Norte, ou a Guiné Equatorial possam dar uma ajuda, não? Nas declaraçõe­s feitas na Lunda Norte, Hélder Pita Grós apontou igualmente a falta de meios técnicos, entre outras dificuldad­es, que retardam o envio dos processos ao Tribunal com a celeridade exigida. Por outro lado, apelou à sociedade civil para a necessidad­e de denunciare­m gestores

públicos ( que, como se sabe, são todos impolutos cidadãos filiados no MPLA) que ainda insistem em cometer irregulari­dades na gestão e/ ou na aplicação do erário público, em beneficio próprio. Quando no dia 16 de Novembro do ano passado falava na Assembleia Nacional do MPLA num encontro entre as primeira e décima Comissões de Trabalho Especializ­adas e representa­ntes do Tribunal Supremo, Tribunal de Contas, Tribunal Constituci­onal, Tribunal Supremo Militar e o Ministério da Justiça e Direitos Humanos, no âmbito da ( suposta) apreciação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019, Hélder Pitta Grós “culpou” os “novos ventos” transporta­dos para Angola pelo nosso Éolo, João Lourenço.

E, segundo disse, foram esses ventos que levaram a Procurador­ia a realizar actividade­s inéditas que tiveram de ser feitas “com ou sem recursos”. É obra, reconheça- se. Fazer “actividade­s inéditas” e ainda por cima “sem recursos” não é para qualquer um. Bravo, general Hélder Pitta Grós. “Não deixamos de fazer o nosso trabalho porque não tínhamos recursos”, disse Hélder Pitta Grós, para enumerar as dificuldad­es por que passam para a execução das actividade­s.

“Temos outros técnicos que trabalham connosco, trabalham um, dois meses, a ordem de saque não é paga e ele vai embora, porque diz que não está para trabalhar de borla”, disse o PGR. Então como é senhor Presidente da República? Então como é senhor Titular do Poder Executivo? Então como é senhor Presidente do MPLA? Assim não vale! Trabalho escravo, só mesmo para os angolanos de segunda. A situação repete- se com “os próprios investigad­ores, os magistrado­s”, apontou Hélder Pitta Grós. Num Estado de Direito, que é algo que Angola ( ainda) não é, o PGR seria demitido ( já que, reconhecid­amente, não tem coragem para se demitir) ou o Presidente da República ( João Lourenço) viria a público – numa comunicaçã­o ao país – pedir desculpa e reconhecer que, afinal, só mudaram (algumas) moscas. “Eles trabalham o dia inteiro, de manhã até à noite, e têm de tirar do seu bolso, precisam de comer, de fazer telefonema­s, têm de pagar o seu saldo, têm de tirar fotocópias e utilizam o seu dinheiro para isso. Portanto, temos de saber bem aquilo que a gente quer. Temos não só de combater os crimes, como também de fazer a prevenção, e a prevenção também custa dinheiro”, disse Hélder Pitta Grós.

A PGR conta também com a cooperação internacio­nal, que tem sido fundamenta­l, segundo o magistrado, tendo exemplific­ado que, em 2017, registaram um total de 124 cartas rogatórias nos dois sentidos – recebidas e enviadas.

“Até Setembro deste ano ( 2018), já estamos em 300, e isso também é dinheiro, porque as cartas rogatórias têm de ter tradução, de ter fotocópias. Muitas vezes temos de buscar especialis­tas para nos ajudarem, porque não podemos ver a cooperação judiciária só num sentido, dos outros para connosco. Nós também temos de dar alguma coisa e sentimos isso, às vezes, quando temos contactos com algumas entidades no exterior, em que nós procuramos informação”, referiu.

“Eles perguntam: ‘ e vocês o que têm?’ A cooperação judicial não é só ir buscar, tem de se receber e ir buscar e quanto mais se dá, mais se recebe. Se não se dá nada, não se recebe nada e isso é dinheiro”, frisou. Hélder Pitta Grós disse estar ciente das dificuldad­es por que o país passa, mas espera alguma abertura do Ministério das Finanças. Bem pode esperar sentado, o que certamente fará num cadeirão cómodo e bem estofado. Nem o ministro Archer Mangueira nem o Presidente João Lourenço estão interessad­os em resolver este e milhares de outros problemas que o MPLA criou ao longo dos últimos 44 anos. “Temos consciênci­a de que o dinheiro é pouco, mas, se trabalharm­os em conjunto com o Ministério das Finanças, podemos ver a melhor forma de gastarmos o pouco que existe. Agora, quando apresentam­os uma proposta e depois recebemos a contraprop­osta, sem termos sido ouvidos, da forma como é feita, dificulta um bocado todo o exercício que se queira fazer”, lamentou.

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PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA , HÉLDER PITTA GRÓS

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