Folha 8

AS PATACOADAS DA PROCURADOR­IA-GERAL

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Recorde- se que, talvez por falta de gente que saiba o que está a fazer, o Procurador- Geral da República admitiu no dia 28 de Março de 2018 ter sido um erro divulgar o nome do então Chefe de Estado-maior das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, constituíd­o arguido, sem ter sido antes notificado. Nada que a incompetên­cia não explique, não é?

Hélder Pitta Grós reconheceu que “não foi correcto” que o general Geraldo Sachipengo Nunda tenha tomado conhecimen­to de que foi constituíd­o arguido através da imprensa. É caso para perguntar: Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão? Pois é. Mas se foi João Lourenço que mandou, ainda vamos ver os jacarés a virar vegetarian­os…

Na altura, Pitta Grós disse aos jornalista­s que, no entanto, o antigo director da Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportação (APIEX), Belarmino Van-dúnem, não devia estar preocupado pela divulgação do seu nome, porque há muito sabia que é arguido no processo. Boa explicação, segundo as autoridade­s de Pyongyang, perdão, de Luanda. Na reacção, em entrevista à VOA, Van-dúnem lamentou que a PGR tenha divulgado o seu nome quando ele está há muito a colaborar com a instituiçã­o e disse não ter nada a temer.

Quanto ao anúncio feito pelo sub- procurador Luís Benza Zanga, de que o general Sachipengo Nunda fora constituíd­o arguido no processo- crime sobre uma suposta tentativa de burla ao Estado angolano no valor de 50 mil milhões de dólares, de um financiame­nto tailandês para investimen­tos no país, Hélder Pitta Grós reconheceu a falha.

“Nós devíamos tê- lo feito no local próprio, no sítio certo, mas, como disse, há falhas, nós somos seres humanos, estamos agora numa nova situação e estamos todos a aprender. Hoje tropeçamos, mas o importante é que cada vez que tropeçamos conseguimo­s levantar e caminhar”, disse o PGR. Hélder Pitta Grós bem pode desculpar- se com a falta de experiênci­a. É uma desculpa esfarrapad­a. Não se trata de inexperiên­cia. O que se passou, ainda para mais tratando- se do então Chefe do Estado-maior das Forças Armadas, só tem um nome: incompetên­cia. Entretanto, Hélder Pitta Grós lembrou que “não há que ficar preocupado quando alguém é constituíd­o como arguido, mas agora quando for réu aí sim poderá preocupar- se, já que vai estar em fase de julgamento”. É pior a emenda do que o soneto. Se calhar o melhor é procurar que este caso passe a fazer jurisprudê­ncia. Assim, em vez de se seguir a tramitação legal bastaria, por exemplo, publicar um edital a dizer que fulano se tornou arguido. Recorde- se que, através da Imprensa, o chefe de Estado - Maior General das Forças Armadas Angolanas ficou a saber que fora constituíd­o arguido no processo de crime de tentativa de burla ao Estado de 50 mil milhões dólares.

O anúncio foi feito através dos jornalista­s por Luís Ferreira Benza Zanga, sub- procurador­geral da República de Angola e director da Direcção Nacional de Investigaç­ão e Acção Penal ( DNIAP), salientand­o que o general Sachipengo Nunda se juntava a outros três generais também constituíd­os arguidos. “Nesse processo temos constituíd­o arguidos quatro generais, dos quais já foi ouvido um, e a última nota que tivemos o chefe de Estado-maior General das Forças Armadas Angolanas já foi constituíd­o arguido e vai ser ouvido nesta qualidade”, afirmou.

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ANTIGO DIRECTOR DA AGÊNCIA PARA A PROMOÇÃO DO INVESTIMEN­TO E EXPORTAÇÃO (APIEX), BELARMINO VAN-DÚNEM
 ??  ?? EX-CHEFE DE ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS ANGOLANAS, GENERAL GERALDO SACHIPENGO NUNDA
EX-CHEFE DE ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS ANGOLANAS, GENERAL GERALDO SACHIPENGO NUNDA

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