Folha 8

MAMÃ MUXIMA, POR FAVOR NÃO ESQUEÇAS O TEU POVO!

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Aministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, passou no dia 01.09 mais um atestado ( se bem que apenas implícito) de incompetên­cia ao MPLA. Falando na vila da Muxima, município da Quiçama, a ministra disse que o governo está a trabalhar para a estabilida­de social das famílias, com a execução de programas destinados a melhoria das condições sociais básicas. Em bom ( ou mesmo mau) português ela reconheceu que apesar de estar no governo há 44 anos, o MPLA só tem olhado para as… suas famílias, esquecendo as outras.

De acordo com a sempre estridente, mas igualmente inócua, propaganda do MPLA, para a melhoria da vida nas comunidade­s, o Executivo tem em acção o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios ( PIIM), que prevê 1.700 projectos nos sectores da saúde, educação, construção e obras públicas, infra- estruturas administra­tivas, estradas, energia e águas, segurança e ordem pública, urbanismo e saneamento básico, nos 164 municípios do país. Ou seja, tem em acção propagandí­stica ( como sempre teve desde 1975) a promessa que o paraíso está aí mesmo ao dobrar da esquina.

O valor total do PIIM é de dois mil milhões de dólares, provenient­es ( não se sabe com que critério ou legitimida­de legal) do Fundo Soberano. Este plano congrega necessidad­es e iniciativa­s dos municípios ajustadas às prioridade­s locais e aos anseios da população. Mas afinal o dinheiro do Fundo Soberano foi roubado ou não, por José Filomeno dos Santos e Jean Claude Bastos de Morais, razão que os levou às masmorras do regime, depois da suspeição do Presidente da República?

De acordo com Carolina Cerqueira, que falava à imprensa no final da missa de encerramen­to da peregrinaç­ão da Muxima, é objectivo do Estado ( há 44 anos e provavelme­nte

durante os próximos 56) trabalhar para o bem comum e defesa do interesse nacional, procurando soluções rápidas para a resolução dos inúmeros problemas sociais. Para a ministro, “inúmeros” significa muitos vezes muitos ( de todos os angolanos), ou apenas os que contabiliz­am a rapaziada do seu partido e que ainda estão um pouco

distantes das tetas do Governo/ Estado/ MPLA?

Para o efeito, Carolina Cerqueira benzeu- se e avançou que o Governo ( o tal que está no Poder há 44 anos) espera contar com parcerias rápidas e inclusivas para dar respostas às ambições e aspirações da juventude e a defesa dos direitos das mulheres. Mais uma vez, e pela boca ( sagrada) de uma ministra se ficou a saber que, fora do MPLA, ninguém escapa à crise: velhos, novos, mulheres, crianças… Carolina Cerqueira considerou a Igreja Católica como uma das parceiras mais fortes do Estado angolano, garantindo que se vai encontrar novas formas de intervençã­o social, para ajudar a resolver os problemas da sociedade, fortalecer o papel das família e o cresciment­o do país a crescer em paz e prosperida­de. A Igreja Católica? Contrarian­do os seus mais basilares princípios, a Igreja Católica angolana está ( quase) sempre, regra geral de forma encapotada e por isso cobarde, “vendida” ao regime, sendo conivente nas acções de dominação, de prepotênci­a, de desrespeit­o pelos direitos humanos. Aliás, a tese da libertação foi há muito manda às malvas pela hierarquia católica.

A ministra reiterou a necessidad­e do resgate dos valores morais, estabilida­de social, concórdia, perdão e, sobretudo, a educação da juventude. Ou seja, reiterou a necessidad­e de os angolanos, sobretudo os 20 milhões de pobres e todos aqueles que são gerados com fome, nascem com fome e morrem com fome, resgatarem aquilo que nunca souberam o que é. Relativame­nte ao conteúdo da mensagem expressa durante a homilia, proferida pelo bispo Dom Emílio Sumbelelo, afirmou que serve de incentivo para que a construção de uma paz socialment­e justa seja efectiva. Assistiram à missa de encerramen­to da peregrinaç­ão, entre outros, as ministras dos Desportos, Ana Paula Sacramento Neto, e da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, a secretária do Presidente da República para os Assuntos Sociais, Fátima Viegas, e o vice- governador provincial, Dionísio da Fonseca. Já que a ministra falou da Igreja recordemos agora e sempre Frei João Domingos quando afirmou que os políticos e governante­s angolanos ( do MPLA, porque são os únicos que estão no governo) só estão preocupado­s com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.

“Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida”, disse Frei João Domingos, acrescenta­ndo “que muitos governante­s que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparenteme­nte reluzentes mas estão podres por dentro”. Por tudo isso, Frei João Domingos sempre chamou a atenção dos angolanos, de todos os angolanos, para não se calarem, para “que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente”. Tendo em conta a crise de valores em que o país se encontra, Frei João Domingos sempre recomendou aos angolanos sem excepção para que pratiquem os valores que Jesus Cristo recomenda: solidaried­ade, justiça, amor, honestidad­e, dedicação ao outro, seriedade, paz, vida, etc..

“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e outras riquezas”, dizia também Frei João Domingos.

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MINISTRA DE ESTADO PARA A ÁREA SOCIAL, CAROLINA CERQUEIRA
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MISSA DE ENCERRAMEN­TO DA PEREGRINAÇ­ÃO DA MUXIMA
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