Folha 8

MARCELO CONDECOROU O GENERAL “DISCIPLINA”

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OChefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas ( FAA), Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, foi condecorad­o no 03.09, em Lisboa, Portugal, pelo Presidente daquele país, Marcelo Rebelo de Sousa, com a medalha da Grande Cruz de Mérito Militar. Se a bajulação fosse condição “sine qua non” para ganhar um Prémio Nobel, Portugal ganhava- os todos. Entregue numa cerimónia em que também foram distinguid­os oficiais portuguese­s, a medalha da Grande Cruz de Mérito Militar é a mais importante condecoraç­ão militar atribuída pelo Estado português.

A condecoraç­ão do oficial superior angolano simboliza, segundo a organizaçã­o do evento, o empenho de Angola no reforço da cooperação militar entre os dois países. Quem diria? Só mesmo Marcelo. O acto, que decorreu na zona do Restelo, está inserido nas comemoraçõ­es do Dia do Estado Maior General das Forças Armadas Portuguesa­s, que também se assinalou no 03.09. O Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas esteve acompanhad­o pelo embaixador de Angola em Portugal, Carlos Alberto Fonseca, e por funcionári­os da chancelari­a militar, bem como diplomatas angolanos acreditado­s naquele país. Ainda no quadro do programa comemorati­vo do Dia do Estado-maior General das Forças Armadas Portuguesa­s, o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina” esteve presente numa Eucaristia que decorreu na Igreja da Memória, em Lisboa, e que homenageou os militares tombados em combate. Em 2017 o ex-adido de Defesa Adjunto da Embaixada de Angola em Portugal, Francisco Ramos da Cruz, foi condecorad­o com a medalha Cruz Naval de Segunda Classe, pelo Estado-maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional daquele país.

Como se sabe e como, aliás, já aqui foi escrito, Marcelo Rebelo de Sousa é o político português mais habilitado ( a par do primeiro- ministro António Costa) para não só cimentar

como também alargar as relações de bajulação e servilismo com o regime do MPLA. Marcelo sabe que – do ponto de vista oficial – Angola ( ainda) é o MPLA, e que o MPLA (ainda) é Angola. Portanto… Siga a fanfarra, tantas vezes mais parecendo uma orgia. Angola é um dos países lusófonos com a maior taxa de mortalidad­e infantil e materna e de gravidez na adolescênc­ia, segundo as Nações Unidas. Mas o que é que isso importa a Marcelo Rebelo de Sousa? Aliás, muitos dos angolanos (70% da população vive na miséria) que raramente sabem o que é uma refeição, poderão certamente continuare­m a alimentar- se com o facto de terem assistido, ao vivo e a cores, ao beija- mão de Marcelo Rebelo de Sousa ao novo “querido líder”, João Lourenço. Os pobres em Angola estão

todos os dias a aumentar e a diminuir. Aumentam porque o desemprego aumenta, diminuem porque vão morrendo. Mas a verdade é que esses angolanos não contam para João Lourenço e muito menos contam para Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Rui Rio, Assunção Cristas, Jerónimo de Sousa e até Catarina Martins. Marcelo Rebelo de Sousa sabe que o anterior presidente angolano esteve no poder durante 38 anos sem ter sido nominalmen­te eleito, tal como sabe que o actual lá quer ficar também muitos e muitos anos, continuand­o sem ser nominalmen­te eleito. Mas isso pouco ou nada importa… pelo menos por enquanto. Portugal continua de cócoras perante o regime esclavagis­ta do MPLA, tal como esteva em relação a Muammar Kadhafi que, citando José Sócrates, era

“um líder carismátic­o”. Talvez um dia Portugal chegue à conclusão que, afinal, Eduardo dos Santos também foi um ditador e que João Lourenço para lá caminha, se é que já não está lá.

Será que alguém vai perguntar a Marcelo Rebelo de Sousa o que pensa dessa farsa a que se chama democracia e Estado de Direito em Angola? Não. Basta ver que, mesmo antes de ser declarado vencedor das “eleições” do dia 23 de Agosto de 2017, já João Lourenço era felicitado pelo Presidente da República de Portugal. Certo será que, nesta matéria, Marcelo Rebelo de Sousa continua a pensar da mesma forma que Cavaco Silva, José Sócrates, Passos Coelho, Paulo Portas ou António Costa, para quem Angola nunca esteve tão bem, mesmo tendo 70% dos angolanos na miséria. De facto, os portuguese­s só estão mal informados porque querem, ou porque têm interesses eventualme­nte legítimos mas pouco ortodoxos e muito menos humanitári­os. Marcelo Rebelo de Sousa não escapa à regra. Custa a crer, mas é verdade que os políticos portuguese­s (agora nem com a excepção dos do Bloco de Esquerda) fazem um esforço tremendo (se calhar bem remunerado) para procurar legitimar o que se passa de mais errado com as autoridade­s angolanas, as tais que estão no poder desde 1975. Recorde- se que, por exemplo, o general secretário itinerante do MPLA Bento dos Santos Kangamba, igualmente sobrinho de Eduardo dos Santos e intelectua­l de elevada craveira canina e putativo candidato a uma condecoraç­ão do governo de Lisboa, elogiou a eleição nominal (coisa que em Angola nunca existiu) de Marcelo Rebelo de Sousa, apelando ao seu papel como “mediador” nas relações entre os dois países. “Neste momento não temos que ter dirigentes com muito fogo- de- artifício entre os dois países e sim com calma e paciência para ultrapassa­rmos os problemas. Portugal não pode ser o país onde se criam problemas a Angola, mas onde se resolvem os problemas de Angola, espero esse papel de mediador dele”, disse o general num português que, compreensi­velmente, teve de ser traduzido para… português pelos jornalista­s.

Bento dos Santos Kangamba destacou também a “política muito madura” em Portugal, que “beneficia a democracia” do país, tendo em conta as eleições que deram a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa. “Vamos bebendo a experiênci­a de Portugal, de democracia aberta”, apontou, deixando o desejo de ver Marcelo Rebelo de Sousa realizar uma visita de Estado ( leia- se de bajulação) a Angola.

“Seria um muito bom sinal. Não tem como os portuguese­s estarem contra Angola, não tem como os angolanos estarem contra os portuguese­s. Nós estamos condenados a viver juntos, a estar juntos, é a mesma língua, vivemos juntos, sãs as mesmas famílias, os nomes são iguais”, recordou o general.

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CHEFE DO ESTADO MAIOR GENERAL DAS FORÇAS ARMADAS ANGOLANAS (FAA), EGÍDIO DE SOUSA SANTOS “DISCIPLINA”

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