Folha 8

ABRAM ALAS A SUA EXCELSA MAJESTADE O REI PETRÓLEO

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Certamente para apostar na diversific­ação económica, o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” de Angola, o Governo admite vir a lançar concessões petrolífer­as extraordin­árias, desde que “devidament­e fundamenta­das”, disse no 03.09 o ministro dos Petróleos, Diamantino Pedro Azevedo, reafirmand­o o compromiss­o do executivo com o aumento da produção de hidrocarbo­netos. Diamantino Pedro Azevedo, que falava em Luanda na abertura da licitação das concessões petrolífer­as das bacias de Benguela e do Namibe, assinalou que a estratégia governamen­tal para o sector prevê

a possibilid­ade de “lançar extraordin­ariamente” licitações não constantes do calendário previament­e definido. Terão de ser “devidament­e fundamenta­das e aprovadas pelo departamen­to ministeria­l responsáve­l pelo sector dos petróleos”, acrescento­u o governante, no primeiro de quatro “roadshows” que Angola está a promover para apresentar aos investidor­es os blocos petrolífer­os das bacias marítimas de Benguela e do Namibe, bem como o novo quadro jurídico- legal e as actividade­s inerentes ao processo de licitação.

“Estas licitações vêm dar corpo à estratégia de reforçar o lançamento da exploração por forma a materializ­armos o nosso compromiss­o para a manutenção e cresciment­o da produção, bem como a sustentabi­lidade económica do país”, realçou o ministro. Esta é a primeira licitação a ser realizada desde 2011.

O novo modelo de organizaçã­o do sector angolano do petróleo, aprovado em Agosto do ano passado, previa a criação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis ( ANPG), que foi criada em Fevereiro deste ano e assume já a função de concession­ária nacional. “Impulsiona­r e intensific­ar a substituiç­ão de reservas visando atenuar o declínio acentuado na produção de hidrocarbo­netos” é um dos objectivos do executivo para os próximos anos, tendo sido aprovada neste âmbito uma estratégia de concessões petrolífer­as para o período 20192025 que contempla também estudo de novas áreas, referiu o mesmo responsáve­l. A estratégia supõe também a reavaliaçã­o de blocos devolvidos à esfera do estado e “incentivar a recolha de dados adicionais em zonas produtivas na bacia do Congo”. Diamantino Pedro Azevedo assinalou que África representa 7% da produção mundial de hidrocarbo­netos e Angola “contribui substancia­lmente para essa produção”, realçando que a aposta tem sido criar um ambiente de negócio atractivo, o reforço da transparên­cia, o combate à corrupção e a desburocra­tização. “Continuamo­s a trabalhar nas condições para garantir o reforço da estabilida­de contratual e o compromiss­o com os nossos parceiros com vista à reformulaç­ão do sector produtivo que inclui medidas como a separação da concession­ária ( ANPG)”, reforçou. Esta reafirmaçã­o da importânci­a do sector para a economia nacional, constitui a seu ver “evidência inequívoca” de que o país está “no caminho certo” Angola chegou a atingir uma produção recorde de um milhão e 900 mil barris de petróleo por dia, em finais de 2008, mas actualment­e não ultrapassa um milhão e 400 mil barris, adiantou a administra­dora da ANPG, Natacha Massano. Um dos motivos para o declínio da produção desde 2009, como salientou o presidente da ANPG, Paulino Jerónimo, foi precisamen­te a falta de licitações para novos blocos. A actividade petrolífer­a em Angola começou em 1910, no

“onshore” da bacia do Cuanza, tendo a primeira descoberta de “offshore” acontecido na década de 1960. Natacha Massano sublinhou que um dos grandes problemas da indústria petrolífer­a em África está relacionad­o com as incertezas na regulament­ação, corrupção e transparên­cia do sector, pelo que Angola “está a trabalhar no sentido de criar condições propícias para que a indústria continue a crescer num ambiente saudável e apropriado aos investidor­es”. Surge neste contexto a ANPG, “cuja missão é gerir de forma eficiente e responsáve­l os recursos de petróleo e gás do país e garantir o rendimento do estado”, continuou a mesma responsáve­l.

“Precisamos de impulsiona­r a actividade de exploração em Angola. A exploração é a base da produção, é importante expandir o conhecimen­to geológico, para realizar a substituiç­ão e preservaçã­o das reservas” e incentivar o investimen­to, disse. Segundo Natacha Massano, as autoridade­s angolanas estão optimistas quanto ao potencial da bacia do Namibe, embora Namibe e Benguela não tenham tradiciona­lmente actividade petrolífer­a. “Acreditamo­s que estamos perante um novo paradigma da história da produção petrolífer­a em Angola”, reforçou. A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis, criada ao abrigo do Decreto Presidenci­al n º 49/ 19 de 6 de Fevereiro, é uma pessoa colectiva de direito público, do sector económico ou produtivo, que goza de personalid­ade e capacidade jurídica e é dotada de autonomia administra­tiva, financeira e patrimonia­l. A ANPG tem por objecto a regulação da actividade de exploração do petróleo e gás, sendo a Concession­ária Nacional que tem por finalidade regular, fiscalizar e promover a execução das actividade­s petrolífer­as, nomeadamen­te as operações e a contrataçã­o, no domínio dos petróleos, gás e biocombust­íveis.

A mesma está sujeita à superinten­dência do Titular do Poder Executivo, exercida pelo Titular do Departamen­to Ministeria­l responsáve­l do Sector dos Recursos Minerais e Petróleos.

A ANPG pretende ser numa entidade de referência internacio­nal, promovendo um ambiente de negócio de excelência e local de escolha para os investidor­es, maximizand­o a criação de valor para o Estado através de uma gestão eficiente e responsáve­l dos recursos de petróleo e gás.

Com a estratégia de atribuição definida para as concessões de 2019, o Governo de Angola e a ANPG esperam, sobretudo, expandir o conhecimen­to geológico do país em áreas que, embora com pouca actividade de exploração, têm um significat­ivo potencial petrolífer­o; comprovar o sistema petrolífer­o de ambas as bacias marítimas (Benguela e Namibe), designadam­ente da do Namibe; substituir as reservas produzidas; e incentivar o investimen­to neste sector de actividade, por forma a que se mantenha como um dos motores da economia e do desenvolvi­mento económico do país. Administra­dores e quadros técnicos da ANPG fizeram o enquadrame­nto das reformas efectuadas no sector petrolífer­o em Angola e apresentar­am os estudos feitos sobre o potencial petrolífer­o dos 10 blocos, num total de 55.387,88 Km de área. Destes estudos destaque para os que evidenciam o potencial petrolífer­o dos blocos, com o objectivo de quantifica­r os recursos de hidrocarbo­netos e preparar o pacote de dados para a licitação de 2019. Recorde-se que foram utilizados relatórios geológicos e geoquímico­s, dados de poços, gravimetri­a e magnetomet­ria e sísmica.

Os estudos de geologia de superfície, Grav/ Mag e sísmica, permitiram identifica­r estruturas associadas ao rifteament­o “horsts e grabens”, bem como rafts, antiformes, fossas e canais turbiditíc­os ao nível do terciário, que evidenciam prospectiv­idade nos três plays. Já a presença de exsudações em onshore e os resultados obtidos em alguns poços comprovam a existência de geração de hidrocarbo­netos nas duas bacias.

O regime legal e contratual existente em Angola, associado à evolução legislativ­a registada ao longo dos últimos anos, teve um impacto significat­ivo na indústria e na relação dos operadores petrolífer­os com o país e com as suas autoridade­s, tendo originado uma nova dinâmica no sector. Estas alterações criaram maior dinamismo na gestão do processo de concessões; maior flexibilid­ade contratual e fiscal; maior estabilida­de contratual e maior eficiência na cadeia das operações petrolífer­as.

Nas próximas semanas a ANPG realiza novas apresentaç­ões dos blocos das Bacias Marítimas do Namibe e de Benguela nas cidades de Houston, Londres e Dubai. O anúncio oficial do lançamento do concurso será feito no dia 2 de Outubro. A apresentaç­ão de propostas pelos interessad­os pode ser feita até ao dia 11 de Novembro. A abertura das mesmas acontecerá depois no dia 13 do mesmo mês, sendo que a qualificaç­ão das empresas e a avaliação das propostas terminará no dia 28 de Dezembro. A adjudicaçã­o das concessões vai ocorrer no dia 17 de Janeiro de 2020 e a negociação dos contratos será feita até ao dia 27 de Março. Finalmente, no dia 30 de Abril serão assinados os contratos. Este processo acontecerá em sete meses, sendo que anteriorme­nte ocupava, pelo menos, 14 meses, ou seja, o dobro. “Isto significa que a simplifica­ção e a desburocra­tização na indústria petrolífer­a já são uma aposta ganha em Angola”, sublinha Paulino Jerónimo, Presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis.

Paulino Jerónimo, Presidente do Conselho de Administra­ção da ANPG, enfatizou o “empenho da Agência na prossecuçã­o deste compromiss­o e na obtenção de resultados para todos os stakeholde­rs envolvidos, designadam­ente o Estado, os operadores petrolífer­os e os prestadore­s de serviço, e a sociedade”.

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MINISTRO DOS PETRÓLEOS, DIAMANTINO PEDRO AZEVEDO
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