Folha 8

ELES QUEREM INVADIR A AMAZÓNIA I

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No dia 10 de Outubro de 2018 os ambientali­stas brasileiro­s temiam que a Amazónia, “o pulmão do mundo”, v iesse a ser sacrificad­a aos interesses dos lobbies da agro-indústria se o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, chegasse ao poder no Brasil. Com toda a razão, Jair tinha acabado de obter 46% de votos nas urnas na primeira volta das eleições presidenci­ais que estavam em curso e uma das suas promessas de campanha mais criticadas era, nem mais nem menos, a fusão dos Ministério­s da Agricultur­a e do Meio Ambiente, numa espécie de casamento entre a ovelha e o lobo, a primeira, na defesa da natureza e o segundo, alinhado em riste aos interesses dos grandes latifundiá­rios rurais. E mais, esse capitão do Exército, agora candidato a presidente, dava mostras de já ter decidido antes de ser eleito, “Que fique claro: o futuro ministro sairá do sector produtivo. Não haverá mais brigas”, afirmou ele em conferênci­a de imprensa a 11 de Outubro, quatro dias depois de vencer o primeiro turno. “Se ele for eleito, será o início do fim para a Amazónia”, declarou o “petista” Fernando Haddad, seu adversário no segundo turno eleitoral, seguido sem tardar por Geraldo Monteiro,, cientista da Universida­de do Rio (Uerj), a denunciar a tramóia, “Bolsonaro quer colocar o meio ambiente ao serviço do agro-negócio”.

Além disto, o capitão também levantou a possibilid­ade de avançar para a construção de barragens com forte impacto nos cursos de água, forçando o deslocamen­to das populações indígenas, com as quais as autoridade­s brasileira­s mantinham um longo conflito a propósito do projecto Belo Monte, uma usina em construção com a terceira maior barragem do mundo; em Fevereiro (2018) disse que, se fosse eleito, não cederia “nem um centímetro a mais” para a demarcação dos território­s autóctones, em resposta aos indígenas, que solicitava­m o acesso às suas terras ancestrais… Neste rol de violações da natureza e de direitos humanos, só faltava cereja em cima do bolo. Ele tinha uma, acabar com “o activismo ecologista ‘xiita’”!, que “prejudica aqueles que querem produzir”.

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