Folha 8

FISCAIS OU LADRÕES OU OS DOIS EM UM?

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Se quem rouba uma galinha para alimentar os filhos é ladrão, que nome devemos dar a agentes da autoridade que, por força da farda e das armas, roubam quem tenta, perante a fantasmagó­rica crise do país, ganhar a vida sem recurso à criminalid­ade, à violência, à prostituiç­ão?

Regular e recorrente­mente o Folha 8 tem denunciado, e continuará a fazê- lo, os excessos dos fiscais e agentes policiais, iguais ou piores dos delinquent­es primários, contra as heróicas mulheres angolanas, vendedores ambulantes e zungueiras.

O que esses fiscais e agentes policiais fazem é um autêntico roubo, um crime contra a dignidade dos cidadãos e uma violência contras as mais elementare­s regras de um Estado que se quer democrátic­o e de Direito. Mas é um crime alargado e de lesa- sociedade porque conta com a cumplicida­de dos administra­dores,

governador­es e que, graças a tanta impunidade, tem necessaria­mente – mesmo que seja de forma passiva – cobertura do Titular do Poder Executivo. Enquanto os superiores nada fazem para regular a acção desse grupo de marginais fardados e armados que manifestam­ente têm carta- branca de um executivo que, não tendo capacidade de gerar, nem emprego, tão pouco trabalho, desavergon­hadamente ainda rouba ( ladrão tanto é o que entra no galinheiro como o que fica à porta) os produtos dos pretos pobres, que ganham ( pu tentam) a vida honestamen­te.

É caso para dizer, e nós não tememos fazê- lo porque a nossa missão é dar voz a quem a não tem, Senhor Presidente João Lourenço e governador­es provinciai­s tenham vergonha de se aliar a actos de gatunos, salvo se querem assumir, que o são, também, como aliás é cada vez mais “vox populi” ( voz do povo).

Nestas imagens ilustrativ­as, captadas quarta- feira, dia 11.09.19, às 17h00, na zona da Ponte Molhada, Talatona, vêse a forma de actuação não de fiscais ou polícias mas de autênticos bandidos, gatunos, ladrões, larápios, ratoneiros, marginais, alojados no aparelho de Estado que actuam pior que os mais vis criminosos. Órgãos decentes não actuam disfarçado­s, como estão a fazer com essa carrinha. Não roubam. Multam. Esses são agentes bandidos.

E com exemplos destes, que florescem em todos os cantos e esquinas, o Presidente João Lourenço não pode admirar- se que, por exemplo, o escritor José Eduardo Agualusa afirme ter “mais medo dos polícias [ angolanos] do que dos ladrões”, frase que considerou “sintomátic­a” e que reflecte o passado e ainda o presente em Angola.

“Acho que essa é uma caracterís­tica de qualquer pessoa que venha de um país do terceiro mundo. Sabemos que vimos de um país de terceiro mundo quando temos mais medo dos polícias do que dos ladrões, ou seja, da autoridade. Em países desenvolvi­dos, realmente desenvolvi­dos, como os países do norte da Europa, por exemplo, as pessoas não têm medo da autoridade. A autoridade é alguém em que se tem de confiar”, sustentou Agualusa.

O que esses fiscais e agentes policiais fazem é um autêntico roubo, um crime contra a dignidade dos cidadãos e uma violência contras as mais elementare­s regras de um Estado que se quer democrátic­o e de Direito

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