PRESIDENTE SÓ EXONERA ÀS TERÇAS, QUINTAS E SÁBADOS
Asecretária de Estado para a Juventude do Governo de Angola, Guilhermina Fundanga Manuel Mayer Alcaim, foi exonerada sem decoro, ética e respeito, pelo Presidente da República, numa clara adesão a práticas ditatoriais de nunca prestar contas nem dar satisfação, quando pretende brincar ou ofender preceitos constitucionais, ligados a personalidade, ao bom nome e a honra das pessoas, que pretende descartar.
A forma como João Lourenço continua a exonerar e, no caso vertente, pela segunda vez, um membro do seu executivo, no caso mulher, depois do primeiro incidente, causado por uma deplorável malcriadez de procedimento administrativo, que quase ia levando a morte, por tentati
va de suicídio, no dia 02.01.19, da ex- ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória Francisco Correia da Conceição de 64 anos, mãe de quatro filhos e membro do Comité Central do MPLA.
O leitmotiv do acto deveu- se ao facto de João Lourenço não a ter comunicado, nem verbal, nem por escrito, tendo a mesmo tomado conhecimento pela comunicação social. Ora se acontecesse o pior, o presidente poderia ser indiciado, a luz do direito como co- responsável e instigador. Agora, estando no estrangeiro, Brazzaville, pasme- se, exonera uma sub- auxiliar; secretária de Estado da Juventude, quando deveria fazê- lo ao chegar no país, comunicando a visada. O contrário foi uma autêntica malcriadez de um acto administrativo que deveria ser mais urbano. E se, agora, com temperamento fraco, a ex- governante
se suicida- se, por não saber as razões da exoneração, estando hierarquicamente, abaixo da ministra? Ou terá latitude, o facto de ser o elo mais fraco, numa cadeia onde a ministra, auxiliar do Titular do Poder Executivo, alegadamente, responsável pelo fracasso da feira do emprego.
“A ministra foi poupada por nepotismo, pois é prima do Presidente da República, logo escolheram o elo mais fraco, sem qualquer elevação e respeito, inclusivé da parte da ministra, que nada lhe informou, quando a secretaria só cumpriu ordens expressas dela”, disse José Augusto, próximo da ex- governante. Desta forma o Presidente do MPLA, João Lourenço, recupera o seu ritmo habitual de… exonerações.
“O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, nos termos da alínea d) do artigo 119 e do número 3 do artigo 125 da Constituição da República de Angola, exonera Guilhermina Fundanga Manuel Mayer Alcaim, do cargo de Secretária de Estado para a Juventude, para o qual havia sido nomeada através do Decreto Presidencial n º 248/ 17, de 13 de Outubro”, lê- se na nota de imprensa.
“Nos mesmos termos da Constituição, o Presidente da República nomeia Fernando Francisco João, para o cargo de Secretário de Estado para a Juventude”, conclui a nota. A substituição da secretária de Estado acontece poucos dias depois da realização da Feira de Oportunidades de Emprego, Estágio e Formação Profissional ( FOEEFP), na semana passada, marcada por um enorme afluxo de jovens à tenda principal, que resultou em pessoas deitadas ao chão, dezenas de currículos amassados e rasgados, óculos partidos, peças de calçado, perucas e até manchas de sangue. Ficou assim a saber- se que a “culpa” de João Lourenço não cumprir com a promessa da criação de 500 mil empregos é de Guilhermina Fundanga Manuel Mayer Alcaim, que inscreveu no programa eleitoral do MPLA – à revelia das ordens superiores – esse número ( 500 mil), quando o que o Presidente mandou inscrever era 5 mil ( cinco mil). Com currículos nas mãos e com a esperança de conseguirem pelo menos um lugar entre as mais de 100 oportunidades de emprego, formação profissional, estágios ou uma bolsa de estudos, a presença massiva de jovens “surpreendeu” a organização e o reduzido número de efectivos da polícia no local. Polícia que, compreensivelmente, estava atenta a um mal bem maior e que resulta da crescente “marimbondagem” das zungueias. Os jovens angolanos desempregados questionaram então as políticas do governo para a promoção do emprego, referindo que sua situação “é precária e dramática”, desejando apenas oportunidades para apresentar as suas “habilidades e competências”.
Em Abril deste ano, o Presidente da República ( também líder do MPLA e Titular do Poder Executivo) aprovou em decreto o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade ( PAPE), que disponibiliza 21 mil milhões de kuanzas ( 58,3 milhões de euros, na cotação da altura) para promover o emprego, que “deverão ser criados e absorvidos pelo sector produtivo da economia”, para dar cumprimento à promessa feita em 2017. De acordo com números recentes do Instituto Nacional de Estatística de Angola, mais de metade dos jovens angolanos está em situação de desemprego.