Folha 8

SECA, SECA, SECA VERSUS INCOMPETÊN­CIA

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Seca que, recorde- se, está para Angola como João Lourenço. Nenhum deles só agora chegou ao país. Recorde- se que no dia 1 de Abril o então ministro da Agricultur­a e Florestas defendeu “soluções definitiva­s e não emergencia­is” para acudir à população da província do Cunene, afectada pela seca, que, nos últimos meses, terá provocado a morte de 12.000 cabeças de gado. “Temos de encontrar soluções definitiva­s, porque a emergência tem de parar, temos de deixar de fazer as coisas de forma emergencia­l. Esse é o nosso ponto de vista. O normal no Cunene é não chover, então temos de nos adaptar. Existem rios, existem condições para que se possa superar essa situação do Cunene”, disse Marcos Alexandre Nhunga sem, contudo, ter dito se o Governo registou a patente desta fenomenal descoberta. Certo é que ele foi “promovido” a governador de Cabinda… “A nível do sector da agricultur­a, principalm­ente na questão ligada ao abeberamen­to do gado e alimentaçã­o, estamos a montar infra- estruturas de apoio e assistênci­a técnica, estamos a fazer furos nalguns municípios da província”, realçou. A província do Cunene está em “estado de calamidade” devido à seca que afecta, desde finais de 2017, mais de 285.000 famílias, conforme anunciou, em Fevereiro último, o governo provincial, que defendeu “estratégia­s absolutas” para mitigar o fenómeno e “mais apoios” do Governo central.

“Estamos a falar de um total de 285.000 famílias afectadas em toda a província. Continuamo­s a somar porque, enquanto não chove, os números têm tendência para aumentar. A província atravessa um dos piores momentos de seca”, disse na ocasião o vice- governador daquela província, Édio Gentil José.

Em Abril, Marcos Alexandre Nhunga referiu que o executivo angolano, que ( até) criou uma comissão multissect­orial para acompanhar a situação do Cunene, aprovou já “dois grandes projectos” para se tentar “de forma definitiva” resolver o problema de água. “Vai servir não só para alimentaçã­o para as pessoas, mas produzir alimentos que possam servir para as pessoas e para o gado. O executivo angolano está empenhado nisso de forma a atenuar a situação de uma vez por todas”, assegurou, aludindo ao transvase que poderá ser feito a partir de rios próximos e que, presume-se, seja uma metodologi­a nova que só agora terá sido descoberta pelos peritos do Mpla/estado. É que o Governo desconheci­a ( primeiro por obra de Savimbi e depois dos marimbondo­s) que esses rios existiam… Em Janeiro, o padre angolano Félix Gaudêncio lamentou a “preocupant­e situação” da seca e de fome no Cunene, defendendo “soluções urgentes”, como a construção de reservatór­ios de água. O padre católico referiu que “a maior parte” da província já estava afectada pela seca e “sem qualquer perspectiv­a” para o início do ano agrícola, “agudizando a carência de comida e água” para o consumo humano e dos animais.

O MPLA encomendou esse programa há 44 anos mas, devido à… seca, ele só agora chegou a Luanda

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