CAMARADAS CHINESES, O MPLA ESTÁ CONVOSCO
Ainda considerando o que foi publicado em 2016, Angola ( mais propriamente o regime) era o país africano que mais beneficiou de empréstimos concedidos pela China, ultrapassando os 12 mil milhões de dólares, desde 2000, segundo a unidade de investigação sedeada nos EUA, Chinaaid. O principal receptor das linhas de crédito abertas por Pequim foi o sector transporte e armazenagem, que absorveu 20% do montante global, detalha aquela pesquisa. Logo a seguir, surge a produção e abastecimento de energia, que recebeu 18% do crédito chinês. Governo e sociedade civil, comunicações e abastecimento de água e saneamento, que, no conjunto, acederam a 667 milhões de dólares, surgiam no fim da lista.
Depois de a guerra civil em Angola ter acabado, em 2002, a China tornou- se um dos principais actores da reconstrução do país, nomeadamente das suas estradas, caminhosde- ferro e outras infra- estruturas. Em troca, o país asiático “obteve condições favoráveis para a exploração de minérios”, lê- se na pesquisa conduzida pela jornalista de investigação espanhola Eva Constantaras. Entre as nações africanas mais beneficiadas pelos empréstimos chineses surgem ainda o Sudão, Gana e Etiópia.
“A maioria dos principais receptores são países ricos em recursos naturais – incluindo petróleo, diamantes e ouro – e muita da ajuda chinesa serve para tornar essa riqueza acessível para exportar”, aponta o estudo.
País mais populoso do mundo, a China registou nas últimas três décadas um ritmo médio de crescimento económico de 10% ao ano, transformando- se no maior consumidor de quase todo o tipo de matérias- primas.
Desde 2009, o “gigante” asiático tornou- se o principal parceiro comercial do continente africano.
A China Aid revela ainda que muito do dinheiro chinês é investido nas cidades de origem dos chefes de Estado dos respectivos países, ou em regiões habitadas pelo grupo étnico do líder político. Ainda assim, rejeita que Pequim tenha uma estratégia focada em tirar partido do clientelismo político no continente, atribuindo aquela tendência à competição por influência entre diferentes agentes do Governo chinês.