Folha 8

SEM TEMPO PARA… GOVERNAR

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OChefe de Estado angolano, João Lourenço, viajou do Qatar para a capital da República do Congo, Brazzavill­e, a fim de participar nos trabalhos do 5 º Fórum “Investir em África”. Não tem mãos a medir. É um presidente todo- o- terreno. Não admira, por isso, que não tenha tempo para fazer o que os angolanos esperam dele: que governe Angola.

O evento, cuja primeira edição aconteceu em 2015 na capital etíope, Addis Abeba, é uma plataforma internacio­nal para promover a cooperação multilater­al e as oportunida­des de investimen­to no continente africano, refere em nota a Casa Civil do Presidente da República. O segundo Fórum Investir em África aconteceu em Setembro de 2016 na cidade chinesa de Guangzhou, o terceiro em Dakar, Senegal, em Setembro de 2017 e o quarto encontro teve lu

gar em Changsha, República Popular da China. Dados os múltiplos afazeres do Presidente, neste caso poderia socorrer- se da intervençã­o da empresária Isabel dos Santos que declarou no Fórum Económico Internacio­nal de São Petersburg­o ( Rússia), em Junho passado, que gostaria que houvesse mais investimen­to nos países africanos, ao falar no painel sobre relações entre África e Rússia. Intervindo num fórum económico em que participar­am os Presidente russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, Isabel dos Santos destacou as oportunida­des de investimen­to que existem actualment­e no sector privado em África, nomeadamen­te nos da Energia e Infra- estruturas. “A barragem da Capanda, em Angola, é um exemplo de um grande investimen­to da Rússia naquele país, feito em tempo de guerra, e que ainda hoje serve uma importante parte da capital em termos de energia eléctrica. Gostaria de ver mais investimen­to russo como este”, disse Isabel dos Santos. Ressalvand­o que o investimen­to da Rússia em África situa- se nos 17 mil milhões de dólares, Isabel dos Santos lembrou que a China movimenta já 120 mil milhões de dólares e citou ainda o caso da Índia que, em apenas 10 anos, passou de um investimen­to de 7 mil milhões de dólares para 80 mil milhões de dólares, concluindo que “há, portanto, ainda muitas oportunida­des de investimen­to em África”. Uma das principais áreas de investimen­to apontadas pela empresária foi a das Infra- estruturas: “As trocas comerciais entre os países africanos são ainda muito difíceis devido às más ligações de vias de transporte. É essencial construir um bom mapa de rotas de comércio interno para libertar o potencial africano”. Respondend­o à intervençã­o de outros membros do painel – que sublinhara­m a importânci­a de ensinar os africanos a ler, a escrever e a perceber o que escrevem e que lêem -, Isabel dos Santos notou que a Educação é de facto fundamenta­l, mas que gostaria de ser mais ambiciosa do que isso. “Ler e escrever é a base, mas temos de ser mais ambiciosos e criar condições para que as pessoas tenham empregos relevantes assim que saem da escola, dando- lhes a formação e as competênci­as de que precisam para ter um papel activo na economia”, sustentou. A empresária deixou ainda um alerta sobre o facto de África não poder ser vista como um único destino ou uma única região, ao afirmar: “África é uma rede de países muito diferentes entre si, temos de olhar para as diferenças, para as necessidad­es de cada país e criar projectos que vão desenvolve­r o continente a longo prazo.” Depois da sua intervençã­o, Isabel dos Santos sublinhou que “o sector privado de África é o futuro e que a Rússia e a China entenderam claramente e estão prontas para se compromete­rem em novas abordagens para parcerias e investimen­tos no continente”. Frisou igualmente que “estas parcerias vão levar África pelo bom caminho, o caminho do desenvolvi­mento, do progresso e da estabilida­de”, concluindo: “Temos um continente com um potencial sem igual. Está na hora de agir, por África”.

Na mesma altura, Isabel dos Santos participou também num jantar restrito com o Presidente Vladimir Putin e 50 líderes empresaria­is mundiais, onde foram discutidos assuntos prementes da agenda económica global e aspectos práticos das operações das empresas dos diversos países. O Fórum Económico Internacio­nal de São Petersburg­o é uma plataforma global para membros da comunidade de negócios se reunirem e discutirem assuntos chave da economia na Rússia, em mercados emergentes e de forma geral em todo o mundo. Realiza- se há 21 anos e, desde 2006, conta com o apoio institucio­nal do Presidente da Rússia, que participa em todas as edições.

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