Folha 8

JOSÉ MARIA E JOÃO LOURENÇO

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O general António José Maria terá dito por diversas vezes a José Eduardo dos Santos estar pronto para a “guerra”, pedindo “instruções” sobre o que pretendia, ou pretende, o ex- presidente.

José Maria passou muito tempo, sobretudo a partir do momento em que Eduardo dos Santos disse que não seria candidato do MPLA às eleições de Agosto e se aventou que o candidato seria João Lourenço, a reunir informaçõe­s, dados, documentos, testemunho­s ( no país e no estrangeir­o) sobre o actual Presidente da República.

“O Serviço de Inteligênc­ia e de Segurança Militar esteve em exclusivo a trabalhar, por ordem do general Zé Maria, numa espécie de Paradise papers of João Lourenço”, contou ao Folha 8 uma fonte ligada ao general. O general José Maria é dos que considera que as decisões em catadupa que estão a ser tomadas pelo Presidente da República, João Lourenço, são uma caça às bruxas no MPLA e uma lavagem da sua imagem, “quase parecendo que JLO nada tem a ver com o MPLA e que só agora chegou à política angolana”. Mais do que o conteúdo dos pronunciam­entos e das decisões já tomadas, o núcleo duro do MPLA que, curiosamen­te, conseguiu adquirir a simpatia e o respeito de militantes considerad­os moderados, contesta a avidez e o “ataque kamikaze” que relembra uma “tese marxista de que o importante não é a sociedade que se quer construir mas, apenas, a que se quer destruir”, diz uma outra fonte do F8. João Lourenço tem, de facto, demonstrad­o que quer, pode manda, mesmo que isso mais não seja do que a passagem de um atestado de incompetên­cia do anterior executivo ao qual, aliás, pertenceu enquanto ministro da Defesa e como alto dirigente do próprio MPLA.

Por exemplo, recorde- se, “a decisão do histórico militante do MPLA e ex- membro do Comité Central, Ambrósio Lukoki, apelando para que José Eduardo dos Santos abandonass­e a Presidênci­a do partido, mais não foi do que a hipocrisia de quem, tendo muitos telhados de vidro, acredita que esses seus telhados são à prova de bala, mas não são”, comenta um outro histórico do MPLA exilado na Europa.

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